Por Keyla Kin
Durante muitos anos, dominar a arte da venda era o suficiente para garantir sucesso no mercado imobiliário. Quem vendia mais, ganhava mais — e naturalmente se tornava referência dentro das imobiliárias. Esse caminho levou muitos profissionais (como eu) a abrirem suas próprias empresas, acreditando que replicar o modelo de alta performance individual seria o suficiente para construir uma imobiliária sólida e escalável.
Mas o cenário mudou. Hoje, não cresce quem vende mais pessoalmente — cresce quem desenvolve pessoas, processos e previsibilidade. A maior virtude que nos trouxe até aqui como corretores campeões é exatamente o que nos impede de avançar como donos: a necessidade de estar na linha de frente de todas as vendas.
A maioria dos donos de imobiliária nasce do mesmo ponto de partida: éramos os melhores vendedores da equipe, resolvíamos tudo sozinhos e tínhamos orgulho disso. Porém, ao assumir a posição de dono, muitos continuam presos à mentalidade operacional.
Essa transição cria um conflito silencioso:
O resultado? Uma imobiliária com CNPJ de empresa, mas com funcionamento de autônomo.
O mercado premia quem entrega resultado em escala — não quem centraliza o poder. E aqui está a virada de chave: o que nos trouxe até a posição de abrir uma imobiliária (vender muito), não é o que vai nos levar a expandi-la.
O corretor pensa em comissão. O dono precisa pensar em patrimônio. O corretor trabalha com urgência. O gestor trabalha com estratégia.
Enquanto a mente estiver operando no curto prazo, a imobiliária permanecerá limitada ao ritmo de vendas do próprio dono.
Em novembro de 2024, tomei a decisão que mudou definitivamente a trajetória da minha empresa. Eu percebia que, a cada duas horas dedicadas a um cliente particular, eu deixava de cumprir minha verdadeira missão: desenvolver meus corretores, estruturar processos, acompanhar indicadores e criar estratégias de captação e funil contínuo.
Comecei a estudar com profundidade gestão, marketing imobiliário e comportamento de mercado. A cada aula, minha mente se expandia — mas meu tempo diminuía. Foi nesse momento que compreendi: se eu continuasse agindo como corretora, eu seria o maior gargalo da minha imobiliária.
Não existe expansão com centralização.
Não existe escala com dependência.
Não existe equipe forte com dono ausente da gestão.
A transformação não acontece quando você abre a imobiliária. Ela acontece quando você decide parar de executar como corretor e passa a liderar como CEO do seu próprio negócio.
Essa mudança gera efeitos imediatos:
O mercado imobiliário está entrando em uma fase de profissionalização avançada. Ferramentas de automação, inteligência artificial, captação ativa especializada e funis previsíveis estão substituindo a metodologia baseada em esforço individual.
A pergunta que definirá o futuro das imobiliárias é simples: Você quer continuar vendendo ou quer construir uma empresa que vende todos os dias, com ou sem você?
Quem permanece com mentalidade de corretor continuará operando no limite do próprio tempo. Quem assume a mentalidade de gestor se posiciona para construir patrimônio, legado e expansão sustentável.
Mudar do papel de corretor para gestor não é uma evolução automática; é uma decisão consciente. É entender que o corretor produz resultados. O gestor produz crescimento.
Você não foi chamado apenas para vender imóveis.
Você foi chamado para liderar pessoas, construir estrutura e transformar seu nome em referência de mercado.
Mudou a mentalidade, mudou a trajetória. O crescimento da sua imobiliária começa no momento em que você decide parar de ser apenas o melhor vendedor — e começa a ser um verdadeiro estrategista.

Fundadora da Kin Imóveis, referência no mercado da Zona Sul de São Paulo. Advogada com especialização em Direito Imobiliário (FGV) e pós-graduação em Direito de Família, também cursa Engenharia Civil para aprofundar seu domínio técnico no setor. Mentora de corretores e donos de imobiliária, Keyla é especialista em gestão de alta performance, captação estratégica e estruturação de imobiliárias escaláveis. Sua atuação une experiência de campo, visão jurídica e modelo de negócios voltado para crescimento com previsibilidade e liderança.