A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa Selic de 12,25% para 13,25% ao ano, anunciada nesta quarta-feira (29), deverá ter reflexos diretos em diversos setores da economia, com destaque para o mercado imobiliário e o consumo das famílias.
“Os efeitos da alta da Selic são amplos, mas o mercado imobiliário sente um impacto imediato, já que a maioria dos financiamentos está atrelada à taxa básica de juros. Com o crédito mais caro, a demanda por imóveis tende a cair, afetando as vendas e desacelerando a construção civil”, explica o economista Marcos Hanna, sócio da Armada Asset e analista de empresas.
A elevação dos juros não afeta apenas o setor residencial, mas se estende ao consumo como um todo, reduzindo investimentos e desacelerando a economia. “O aumento da Selic encarece o crédito tanto para empresas quanto para consumidores, tornando o acesso a financiamentos mais difícil e pesando no orçamento das famílias endividadas. Esse custo mais alto não se restringe ao mercado imobiliário, mas impacta diversos setores, o que pode levar a uma desaceleração da economia como um todo e a um aumento do desemprego em áreas sensíveis ao crédito”, destaca Hanna.
Além disso, o encarecimento do crédito tende a reduzir o consumo e, consequentemente, frear a atividade econômica – um dos principais mecanismos utilizados pelo Banco Central para conter a inflação. “A política monetária busca equilibrar o crescimento econômico com o controle dos preços. Embora a alta dos juros reduza o ritmo da economia, ela também ajuda a atrair investimentos estrangeiros para títulos públicos, fortalecendo o real e minimizando a volatilidade cambial. Isso contribui para evitar uma desvalorização excessiva da moeda, que poderia pressionar ainda mais os preços”, conclui o especialista.
Marcos Hanna é economista pela Universidade de Brasília (UnB) e analista de empresas certificado pela Apimec (CNPI). É responsável pela equipe de Equity & Debt Research da Armada Asset. https://www.armada-mfo.com/asset