Corretor autônomo, mas não sem dono: até onde vai a liberdade dentro da imobiliária?

Eu já ouvi muito e com certeza, você dono de imobiliária já disse a seguinte frase:

“Não posso cobrar muito, porque o corretor é autônomo.”

Essa afirmação, aparentemente inofensiva, é uma das maiores armadilhas da gestão imobiliária.

Afinal, se o corretor é autônomo, quer dizer que ele pode ignorar metas, rotinas, processos, ferramentas, e até o cliente?

O que vemos no dia a dia é que a autonomia sem direção leva à desorganização, e a desorganização leva à perda de resultado.

Por isso, chegou a hora de repensar o papel da liderança nas imobiliárias e, principalmente, de ajustar a mentalidade sobre o que é engajamento no trabalho autônomo.

A confusão entre autonomia e ausência de gestão

Muitos donos de imobiliárias têm medo de parecer autoritários. E com razão: o corretor não tem vínculo empregatício e pode, de fato, escolher onde vai trabalhar.

Mas o que falta, na maioria das vezes, não é autoridade, é clareza. Clareza sobre:

• O que é esperado;
• O que é oferecido;
• E o que se ganha ao cumprir.

Por que o corretor ou qualquer outro profissional precisa de rotina (mesmo sendo autônomo)

É comum ouvir que rotina “engessa”.

Mas, na verdade, a rotina liberta, desde que ela funcione a favor do resultado. Se o corretor sabe:

• Qual é o mínimo que deve entregar;
• Como acompanhar sua evolução;
• E o que ele ganha com isso…

… ele deixa de ser um “vendedor de sorte” e passa a agir como um estrategista da própria renda.

A cultura do “cada um por si” custa caro

Quando cada corretor atua no seu próprio modelo, sem registrar atendimentos, sem seguir processos e sem participar das dinâmicas da equipe, a imobiliária perde:

• Controle sobre os leads;
• Visibilidade das etapas do funil;
• A inteligência coletiva do time.

E o mais grave: perde a confiança do cliente.

Como mudar esse cenário?

Aqui vão 5 estratégias reais para engajar corretores, mas com liderança:

1) Venda o processo como ferramenta de ganho

Não diga “precisa preencher o CRM”diga “, quem preenche não esquece cliente e fecha mais”.

Não diga “tem que vir à reunião”, diga “quem participa vende antes porque aprende com os outros”.

2) Mostre o caminho com dados

Corretor engaja quando enxerga onde pode melhorar. Use indicadores simples e visuais para mostrar onde ele está e o que precisa ajustar.

3) Recompense o comportamento, não só o contrato

Premie quem:

• Atualiza os atendimentos;
• Cumpre a rotina;
• Ajuda outros colegas.

Reconhecimento e bônus simbólicos funcionam tanto quanto comissões.

4) Comece pelos dispostos

Engajamento é viral. Trabalhe com os que já aderem, gere resultado, e mostre isso. O sucesso de um sempre provoca o movimento dos outros.

5) Torne o ambiente competitivo e saudável

Ranking, desafios, metas coletivas e jogos internos criam pertencimento e ritmo.

Mas atenção: celebre os bons resultados sem humilhar os que ainda estão aprendendo.

Liderar corretor autônomo é diferente — mas é possível

Você não precisa de carteira assinada para gerar engajamento. O que você precisa é de um ambiente com:

✅ Direção clara

✅ Processos simples

✅ Reconhecimento constante

✅ Educação contínua

✅ Liberdade com responsabilidade

O corretor pode ser autônomo. Mas a sua imobiliária precisa ter dono.

E o dono é quem guia, acompanha, orienta e inspira — mesmo que não possa mandar.

CONHEÇA MAIS SOBRE O AUTOR DESTE POST

Edgard Lagrotta

Administrador de Empresas com MBA em Gestão de Negócios e Pessoas. Cientista do Marketing certificado pela V4 Company.

Profissional com 20 anos de experiência nas áreas de marketing e vendas, com atuação nos segmentos de bebidas, automotivo, marketing digital e mercado imobiliário. Ao longo da carreira, desenvolveu e implementou estratégias comerciais, posicionamento de marca e projetos de crescimento voltados para performance e gestão de equipes multidisciplinares.