O Brasil ainda vive uma forte discrepância na equidade entre homens e mulheres, em relação à ocupação de cargos de liderança no mercado de trabalho. Para se ter uma ideia, hoje as mulheres ocupam 39,3% dos cargos gerenciais no país, porém 60,3% dos formandos em cursos superiores em 2022 eram de pessoas do gênero feminino, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um dos setores que já vem percebendo e buscando a equidade de oportunidades entre homens e mulheres é o mercado imobiliário, que ainda é majoritariamente masculino, tanto nos cargos operacionais, quanto nos gerenciais. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), divulgada pelo Ministério do Trabalho, em 2010, somente 7,8% dos trabalhadores formais do setor, em geral, eram mulheres. Já em 2021, esse número subiu para 10,85%. Já em funções gerenciais, como na engenharia civil, a RAIS registrou em 2020 aumento de 5,5% de mulheres com carteira assinada.
Ou seja, há o que celebrar, mas ainda há muito para se avançar no sentido de ampliar as oportunidades para elas no setor imobiliário. “Por isso ações de conscientização e incentivo, não só públicas, mas também internas às empresas, são importantes para se atingir a sonhada equidade entre gêneros”. A observação é da publicitária, gestora de marketing na área de incorporação e atual head de marketing do Grupo Mauá ,Joyce Furtado.
Especialista em marketing digital e urbanismo e com 16 anos de experiência no setor de incorporação em Goiás, Joyce acaba de ser selecionada, juntamente com a advogada goiana Cristina Ferrugem, como líder regional do Instituto Mulheres do Imobiliário (IMI). O anúncio foi feito recentemente pela direção nacional da entidade, que foi criada há cinco anos e é o primeiro grupo feminino voltado para a promoção da equidade de gênero em toda a cadeia produtiva do setor.
Missão
A missão principal das duas líderes goianas será fomentar e promover regionalmente a inclusão de mais mulheres no setor imobiliário, sendo vozes de incentivo e promoção de oportunidades de qualificação e inserção feminina no setor, que infelizmente ainda tem predominância masculina. “Goiânia tem um mercado bem representativo, mas com pouca expressão da força feminina. Queremos promover o empoderamento destas mulheres que já atuam na área e promover oportunidades para que mais mulheres participem de cargos de liderança no setor”, destaca ela, observando que a baixa representatividade feminina no setor é cultural e estrutural.
Joyce ainda completa afirmando que mesmo na construção civil, setor historicamente ocupado por homens, o cenário felizmente tem mudado. “Temos mais homens na construção civil e, principalmente, em cargos de liderança por ser uma área conhecida como ‘tipicamente’ masculina. Porém já percebo essa mudança, em funções como a frente de vendas, por exemplo, e até na engenharia”, observa. Em sua avaliação, com o aumento da presença feminina no setor imobiliário e em cursos como de engenharia, ao longo dos anos esse quadro deve mudar e as mulheres precisam estar preparadas e atentas para ocupar essas posições de destaque.