Lucro do setor imobiliário cresce 88% e lançamentos aumentam 18,6%, mas desafios econômicos surgem para 2025

Estudo da Grant Thornton revela também aumento de 23,7% na receita das incorporadoras e alerta sobre os impactos da alta taxa de juros e inflação no próximo ano.

 

A Grant Thornton, uma das maiores empresas de auditoria e consultoria do mundo, divulgou os resultados de seu estudo Incorporadoras Q4 2024, destacando o desempenho robusto do setor imobiliário em 2024, com um crescimento significativo nas vendas e nos lançamentos. No entanto, o estudo também aponta desafios importantes para 2025, relacionados à alta taxa de juros e ao cenário econômico mais complexo.

 

Crescimento impressionante em 2024

O estudo corrobora os dados divulgados pela Brain/CBIC, que mostram um aumento de 18,6% no volume de lançamentos imobiliários entre 2023 e 2024, refletindo a confiança das incorporadoras na recuperação do mercado pós-pandemia. As vendas também cresceram 20,9%, demonstrando que, mesmo em um cenário de juros elevados, o setor manteve um ritmo sólido de negócios.

O lucro líquido combinado das incorporadoras teve crescimento expressivo, saltando 104% no quarto trimestre de 2024 e atingindo R$ 1,7 bilhão, frente aos R\$ 841 milhões registrados no mesmo período de 2023. No acumulado do ano, o lucro total do setor chegou a R\$ 5,3 bilhões, um aumento de 88% em relação a 2023.

 

Principais indicadores financeiros do setor:

  • Margem líquida: subiu de 27,4% (março de 2023) para 31,3% (dezembro de 2024), refletindo um controle mais eficaz sobre custos e despesas.
  • Receita combinada: atingiu R$ 46,1 bilhões em 2024, com crescimento de 23,7% em comparação a 2023.
  • Custos e despesas: os custos cresceram 19,9%, e as despesas administrativas aumentaram 10,1% (acima da inflação de 4,83%), um reflexo do impacto das altas taxas de juros no setor.
  • Despesas comerciais: aumento de 13,5%, indicando o esforço das incorporadoras para manter suas vendas em um ambiente econômico desafiador.

 

Desafios à vista para 2025

Apesar do crescimento, o estudo aponta que o cenário econômico de 2025 será desafiador para as incorporadoras. Com a Selic ainda elevada, em 14,75% ao ano, em maio de 2025, o financiamento continua caro, impactando diretamente a capacidade de compra dos consumidores. Além disso, o Índice Nacional da Construção Civil (INCC-DI) segue em alta, atingindo 7,54% nos 12 meses encerrados em março de 2025. Esse cenário pode pressionar ainda mais os custos das incorporadoras, especialmente aquelas que atuam no segmento de média e alta renda, onde o repasse do financiamento ocorre apenas após a conclusão das obras.

A alta taxa de juros levanta preocupações sobre a capacidade de crédito dos consumidores, especialmente para o programa “Minha Casa, Minha Vida”, crucial para o mercado de imóveis de baixo custo. Já para as incorporadoras de alta renda, o aumento dos distratos e os custos relacionados ao IPTU e condomínio para as unidades devolvidas tornam-se riscos crescentes.

 

Segmentos de mercado: Desafios e resiliência

Maria Regina Abdo, sócia de Auditoria e líder de Real Estate da Grant Thornton, comenta que a demanda por imóveis de baixa renda (classes C e D) se mantém forte, impulsionada pelos incentivos governamentais. Por outro lado, o mercado de média e alta renda poderá enfrentar desaceleração devido ao aumento das taxas de juros e ao impacto do INCC nos custos de construção. Esse cenário pode afetar as vendas e aumentar os estoques, especialmente em empreendimentos de maior valor.

 

Resiliência no mercado de alto padrão

Thiago Bragatto, sócio de Auditoria e coordenador do estudo, comenta sobre o mercado de alto padrão: “Embora o mercado de alta renda enfrente desafios devido ao aumento da taxa de juros, ele continua sólido, especialmente nos segmentos de luxo e superluxo. A lei do distrato tem se mostrado uma proteção importante, ajudando a mitigar os riscos relacionados aos aumentos nos distratos e à instabilidade econômica.”

 

Inovação e desafios no setor

Apesar de algumas inovações, a adoção de novas tecnologias ainda é limitada no setor. A escassez de mão de obra especializada e a falta de inovação nos processos de construção civil são desafios que as incorporadoras precisam enfrentar. A eficiência operacional e a redução de custos por meio de tecnologias se tornam cada vez mais cruciais para o setor se manter competitivo.

 

Expectativas para 2025: crescimento gradual e mais cautela

As perspectivas para 2025 são de um crescimento mais gradual, com um foco em lançamentos com uma gestão mais eficiente das despesas. O cenário macroeconômico, especialmente a alta taxa de juros, exigirá que as incorporadoras adotem uma abordagem mais cautelosa em relação aos novos projetos. A tendência é que o setor continue se consolidando, mas com um ritmo mais lento, focando em iniciativas que ofereçam maior segurança financeira e rentabilidade a longo prazo.

 

Sobre a Grant Thornton

A Grant Thornton é uma das maiores empresas globais de auditoria, consultoria e tributos. Está presente em mais de 156 países e conta com mais de 76 mil colaboradores. No Brasil, está posicionada nos 16 principais centros de negócios do país, contando com mais de 1.800 pessoas, atendendo empresas nas mais variadas etapas de crescimento, desde startups a companhias abertas. Com uma forma de trabalho customizada, auxilia empresas dinâmicas a atingirem seus potenciais de crescimento de forma sustentável, gerando a melhor proposta de valor para o negócio por meio de recomendações significativas, voltadas para o futuro.

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