Participar de um leilão, seja ele judicial ou extrajudicial, pode ser uma excelente oportunidade de negócio, mas exige conhecimento e preparo. Uma das dúvidas mais comuns entre os participantes é: “Posso desistir da arrematação após dar o lance?”. A resposta, na regra geral, é NÃO. Uma vez que o lance é dado e a arrematação é consolidada, a obrigação de seguir com a compra é iminente. No entanto, existem nuances e consequências que diferem entre as modalidades e algumas raras exceções.
É fundamental compreender que leilão não é questão de sorte, mas sim de estratégia, pesquisa e diligência. A preparação prévia é a chave para evitar arrependimentos e prejuízos futuros.
Vamos detalhar as implicações em cada tipo de leilão:
No Leilão Extrajudicial
Os leilões extrajudiciais, frequentemente ligados a instituições financeiras ou empresas que buscam vender bens retomados ou ativos diversos, possuem regras claras e geralmente mais rígidas em relação à desistência.
Se você der um lance e, posteriormente, decidir desistir da arrematação, as consequências normalmente incluem:
No Leilão Judicial
Os leilões judiciais são conduzidos por determinação da justiça para a venda de bens penhorados, com o objetivo de quitar dívidas em processos judiciais. A desistência aqui é ainda mais complexa e as penalidades são severas, visando a seriedade do ato processual.
Se a arrematação for homologada pelo juiz, a desistência torna-se praticamente impossível sem pesadas sanções. Caso o arrematante insista em desistir após a homologação, ele poderá enfrentar:
Exceção: Impugnação da Arrematação
Há uma única e crucial exceção no leilão judicial que permite ao arrematante se desvincular da compra sem prejuízo: quando há impugnação da arrematação. Se houver algum vício ou irregularidade no processo do leilão (como falta de intimação de terceiros interessados, preço vil, problemas na descrição do bem, etc.), o arrematante pode, dentro do prazo legal de defesa, realizar a desistência
Nesse cenário, a arrematação será desfeita, e o arrematante reaverá os valores pagos (sinal, comissão) sem qualquer penalidade. É um direito que visa proteger o comprador de falhas processuais que comprometem a validade do leilão.
Dica Essencial para Evitar Arrependimentos
A melhor forma de evitar a necessidade de desistir de uma arrematação é a preparação minuciosa. Leilão não é um jogo de azar, mas sim uma arena que exige diligência e conhecimento. Antes de dar qualquer lance:
Somente após essa análise completa e a certeza de que a oportunidade se alinha aos seus objetivos é que você deve participar ativamente. A estratégia e o estudo prévio são seus maiores aliados para transformar um leilão em um investimento bem-sucedido e livre de dores de cabeça.
Advogada especialista em aquisições de bens em Leilão Judicial e Extrajudicial, além de estruturação de negócios no segmento de distressed assets – Formada Pela UniFmu, Pós-graduada em Direito Empresarial, Notarial e Registral e MBA em Direito Imobiliário pelo Legale. Mestranda em Resolução de Conflitos e Mediação pela Universidade Europeia do Atlântico. Coordenadora dos núcleos de leilão e protesto e notas da Adnotare e Núcleo de Educação da Abraim, Vice-presidente da Comissão de Leilão Judicial e Extrajudicial da OAB/Jabaquara, Membro da Comissão Especial de Direito Bancário da OAB/SP, Comissão de Estudo em Falência e Recuperação Judicial da OAB /Campinas, ABA – Comissão de Leilões Regional Sudeste e integrante do ImobPorElas. Professora e autora de diversos artigos jurídicos. Atua na assessoria especializada para investidores, leiloeiros, advogados e administradores judiciais.