Neste sábado, 6 de setembro, completo 49 anos.
E essa idade não me pesa — ela me posiciona.
Me traz um orgulho sereno, construído com o tempo e com a vida.
Meu pai, que já não está mais aqui para nossas longas conversas sobre a vida, dizia algo que me incomodava profundamente:
“A partir dos 40, você tem mais passado do que futuro.”
Na época, essa frase me soava como um lembrete melancólico da passagem do tempo.
Hoje, depois de 23 anos atuando no Direito Imobiliário e na mediação de conflitos patrimoniais, compreendo que ele estava me entregando um presente — ainda que embrulhado em palavras duras.
Esse “passado” que ele mencionava se transformou na base da minha autoridade, da minha escuta e da forma como conduzo cada processo, cada conversa, cada negociação.
Ele se tornou o meu maior ativo profissional.
Quando entrei no mercado imobiliário, acreditava que trabalhar com imóveis era entender de contratos, valores, escrituras.
E é, claro.
Mas é muito mais do que isso.
Com o tempo — e só com o tempo — percebi que patrimônio é também sobre histórias. Sobre identidade. Sobre memórias familiares.
Existe uma diferença gritante entre acumular imóveis e construir um legado.
E essa diferença não está nos números. Está nas entrelinhas, nos silêncios das reuniões, nos olhares durante uma mediação, nas palavras que os clientes não dizem — mas sentem.
Aos 25 anos, eu via uma casa como um bem a ser adquirido.
Aos 49, vejo como um capítulo da história de uma família.
Essa mudança de olhar não veio dos livros.
Veio das vivências. Das escutas. Das dores e alegrias compartilhadas ao longo de centenas de atendimentos.
1) Relacionamentos são mais valiosos que resultados rápidos
No início da minha carreira, eu me orgulhava da agilidade. Queria resolver logo, assinar logo, fechar logo.
Hoje, entendo que, especialmente no mercado imobiliário, quem constrói relações duradouras constrói reputação — e confiança.
Famílias que enfrentam decisões patrimoniais não buscam velocidade, mas segurança emocional e clareza.
2) Patrimônio tem mais a ver com memória do que com metragem
Com o tempo, aprendi que um imóvel pode valer R$ 200 mil no mercado — e ser incalculável para quem viveu ali momentos inesquecíveis.
É por isso que, nas conversas com os clientes, muitas vezes pergunto:
“Esse imóvel representa o quê para vocês?”
O que está em jogo quase nunca é só o valor.
É o significado.
3) Mediação exige escuta. E escuta exige maturidade.
Mediar um conflito sucessório não é apenas equilibrar interesses jurídicos — é acolher dores não resolvidas.
As maiores disputas que presenciei não eram sobre posse ou valor de mercado, mas sobre feridas antigas:
Só com maturidade conseguimos enxergar essas camadas invisíveis.
Em mais de duas décadas mediando conflitos, algumas situações marcaram minha compreensão sobre o que realmente está em jogo quando falamos de patrimônio:
A casa que valia menos que os custos processuais: Uma família brigou por 3 anos por um imóvel de R$ 180 mil. Descobrimos que a disputa real era sobre qual dos filhos havia cuidado mais dos pais nos últimos anos.
A viúva e o último refúgio: Uma senhora se recusava a vender a casa onde morava. O imóvel valia menos que as dívidas acumuladas, mas era onde ela ainda sentia a presença do marido que havia perdido.
O apartamento da avó: Três irmãos disputavam um pequeno apartamento. Nenhum queria morar lá, mas também ninguém queria “perder” a casa onde passavam os finais de semana na infância.
Essas situações me ensinaram que, no mercado imobiliário, separar valor financeiro de valor emocional é fundamental — mas raramente simples.
Já participei de partilhas em que uma casa valia menos que os custos processuais — e, ainda assim, era motivo de briga.
Vi filhos venderem imóveis históricos apenas para “resolver logo”.
Vi viúvas lutando para não deixar o lugar onde o cheiro do marido ainda pairava no ar.
É aí que entra a experiência: para não olhar só o contrato, mas também o que está nas entrelinhas.
Hoje, quando oriento famílias na gestão de seu patrimônio, minha abordagem é integral.
Claro que falamos de valorização, retorno e liquidez.
Mas também falamos de memória, legado e afeto.
As 3 perguntas que sempre faço:
Essas perguntas não aparecem nas planilhas.
Mas ignorá-las pode custar a paz entre irmãos, a saúde emocional de uma mãe ou a história de uma família inteira.
Hoje, quando uma família me procura, não espera apenas alguém que entenda de contratos.
Espera alguém que compreenda o peso emocional por trás de uma decisão patrimonial.
Eu sei como é difícil abrir a porta da casa dos pais depois que eles se foram.
Sei como é viver o conflito entre “resolver logo” e “honrar a memória”.
E é justamente esse passado vivido — com perdas, decisões difíceis, escuta e evolução — que me permite ser mais sensível, mais estratégica, mais humana nas entregas.
Esse é meu maior ativo.
E ele não está no currículo — está na vida.
Se você está entrando agora no mercado imobiliário, quero te dizer algo com a generosidade da maturidade:
Você não precisa saber tudo agora. Mas precisa aprender a escutar.
O tempo vai te ensinar a diferença entre uma venda bem feita e uma relação bem construída.
Vai te mostrar que muitos conflitos não são sobre imóveis — são sobre vínculos.
E vai te provar que a autoridade de um profissional não está apenas no conhecimento técnico, mas na forma como ele cuida das histórias que passam por ele.
Aos 49 anos, talvez eu não tenha mais a energia dos 25 — mas tenho algo infinitamente mais valioso: discernimento.
Sei quando vale a pena brigar — e quando é melhor ceder.
Sei quando um imóvel é só um investimento — e quando ele representa a alma de uma família.
Sei que escutar com presença transforma mais do que qualquer cláusula bem redigida.
E esse conhecimento?
Não se compra. Não se acelera.
Ele se vive. Se constrói. Se acumula.
Assim como um bom patrimônio.
Antes de encerrar, deixo algumas perguntas que podem te ajudar a olhar seus imóveis além dos números:
Feliz aniversário para mim.
E obrigada, pai, por me ensinar que ter mais passado do que futuro não é limitação.
É qualificação.
Quem vê resultados, nem sempre conhece a história.
Sou Flávia Pinheiros Costa, formada em Direito há 23 anos. Pós-graduada em Direito Imobiliário, Sistêmico, Contratual, Canônico e de Família. Atualmente, curso Inteligência Artificial para Advogados e sou mestranda em Mediação de Conflitos.
Mas o que realmente me move são pessoas.
Escutar histórias.
Ajudar a construir acordos.
Trazer clareza onde antes havia conflito.
E fazer do Direito uma ponte — não um muro.
Minha trajetória é marcada pela escuta ativa, pela conexão humana e pela busca constante por soluções que respeitem a lei e as relações.
Atuo como:
E, acima de tudo, sou alguém que acredita que ética, escuta e evolução diária são inegociáveis.
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