Muitas dúvidas assolaram nossa macroeconomia no ano de 2021. Nenhuma delas, porém, foi capaz de desestabilizar a economia imobiliária, que conseguiu passar incólume por todas as intempéries causadas pela pandemia. Nem mesmo a política de preços da gasolina, adotada pela Petrobrás sem interferência governamental, lastreada na paridade do preço do petróleo no mercado internacional, a alta do dólar, a nova variante ômicron do coronavírus ou a etérea discussão sobre a eficácia da vacinação infantil, nada afetou o mercado imobiliário.
Não obstante alguns reveses, como a suspensão judicial dos despejos decretada pelo Ministro Barroso, do STF, é indiscutivel que o setor imobiliário foi e continua sendo um dos mais promissores dentre todos os segmentos econômicos. Vários fatores ocorridos durante o ano de 2020 repercutiram positivamente em 2021: a menor taxa Selic da história, abundância de financiamentos, baixas taxas de juros, fuga das aplicações financeiras, segurança da Lei 8.245/91 (Inquilinato), para quem investe para alugar, disposição do consumidor para comprar, entre outros.
É inegável também que a pandemia provocou forte mudança no perfil de consumo dos compradores de imóveis, além de inusitada transformação digital, em alta velocidade. Isso exigiu rápida reação adaptativa dos Corretores de Imóveis e outros agentes do mercado imobiliário. Todavia não registramos problemas. Profissionais e empresários do setor provaram seu potencial para absorção de mudanças e de novas tecnologias. Essa conjunção de fatores excepcionou o mercado imobiliário, mostrando sua pujança na economia brasileira.
A despeito do recrudescimento da Selic, que saiu de 2% ao ano, em fevereiro, para 9,25% no final do ano, o que, em tese, emperraria o crescimento, não foi o que se verificou. Segundo o Blog Papo Imobiliário, as vendas cresceram em 2021 cerca de 22,5%, muito parecido com o que foi registrado no ano anterior, quando se iniciou a pandemia. No segmento incorporações, da mesma forma, houve bom resultado. Novos lançamentos cresceram 37,ó%, segundo a Abrainc, repondo o estoque de imóveis novos, antes estimado em apenas oito meses de vendas.
O crédito imobiliário, igualmente, cresceu 38,ó% em relação a 2020. A construção civil contribuiu para redução do desemprego com a criação de 310 mil novas vagas, não obstante a alta de 14,03% no Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). O governo ajudou, reduzindo em 0,5% a taxa de juros e aumentando em até 15% o teto financiável do Programa Casa Verde Amarela. O Sistema Cofeci-Creci registrou aumento de quase 47 mil novos Corretores de Imóveis e mais de duas mil Imobiliárias, sinalizando grande interesse pelo mercado imobiliário.
Quanto aos alugueres, ainda há preocupação. O IGPM fechou em baixa, em 1ó,77%, mas o IPCA foi para 10,42%. As imobiliárias conseguiram negociar a correção anual pelo IPCA, ainda que temporariamente. A preocupação que fica deve-se à elevação do custo da construção civil e ao descontrole inflacionário. Ambos podem criar alguma dificuldade no mercado imobiliário, mas nada que o desestabilize. Novidades estão chegando. A corrida das unicórnios e a era do metaverso terão de ser assimiladas. Mas nós estamos preparados. Que venha 2022!