Atacar para se defender – uma sorrateira estratégia psicológica

Há três formas distintas de atacar para se defender: I. agredir desproporcionalmente seu detrator, a fim de esmagá-lo e torná-lo irrelevante; II. atacar para distrair, desviando atenção e energia do adversário; III. fazer denúncias e acusações falsas, a fim de projetar sobre o adversário suas próprias iniquidades. É fácil observar que essas três formas de ataque estão hoje presentes no Sistema Cofeci-Creci, urdidas por alguém que já provou a todos sua malevolência. Contudo ainda há, em nosso meio, por um ou outro motivo, quem lhe dê ouvidos.

A necessidade humana de se autoproteger, em especial quando se tem a dimensão da própria malignidade, em regra, se revela sob a forma de ofensiva. São estratégias retóricas, como acusação e difamação, as mais usadas para preservar a própria imagem, evitando responsabilização e distorcendo a verdade. Tais práticas se originam de mecanismos psicológicos e táticas utilizadas em contextos individuais, grupais e políticos. O modus operandi advém de três instrumentos de defesa descritos pela psicanálise: projeção, deslocamento e negação.

Na projeção, a pessoa intenta se autojustificar, atribuindo a outrem as atitudes que rejeita em si mesma. No deslocamento, sentimentos ruins são dirigidos a alvos menos ameaçadores, porque fazê-lo contra a fonte real do incômodo é arriscado. A negação ocorre quando o ego rejeita a realidade para se proteger do sofrimento que ela pode causar. O uso de tais artifícios não apenas pode preservar o defendente, pelo menos no curto prazo, como também ajuda a explicar por que alguém ataca um rival para não encarar suas próprias falhas.

Socialmente, uma ofensiva intensa pode ensejar a desmoralização de quem agride o atacante, seja por corroê-lo emocionalmente, seja para forçar a opinião pública a criticá-lo por ser a parte desproporcionalmente mais forte. Essa tática retaliativa observa-se em conflitos interpessoais e institucionais. Ela pode reduzir novas ameaças, ao desmobilizar e desmoralizar o oponente. Outra tática comum é a distração deliberada. O acusado, sem argumentos para defesa, articula acusações que reduzem o ímpeto punitivo e investigativo de seu “algoz”.

As estratégias de esmagar, distrair e difamar ganham força quando combinadas com vieses cognitivos. Exemplo: a tendência humana de aceitar narrativas simples em vez de explicações complexas, ou assimilar acusações repetidas. Além disso, ambientes polarizados, de baixa confiança institucional, proporcionam eficácia a ataques defensivos. O público tende a escolher lados e, muitas vezes, aceita falsos relatos sem qualquer ponderação. Saber discernir o uso dessas estratégias pode contribuir com a harmonia, evitando polarização e impunidade.

“Atacar para se defender” é uma expressão de mecanismos psicológicos e estratégias sociais que combinam autoproteção, manipulação e agressão calculada. Entender suas raízes, ainda que superficialmente, ajuda a identificar o fenômeno, a fim de lhe aplicar respostas éticas e eficazes. A utilização de terceiros ingênuos como atacantes, além do ato covarde de autoproteção, evidencia a desonestidade do verdadeiro agressor que, convencido da falaciosidade de seus torpes argumentos, implica alguém incapaz de discernir sobre suas consequências.

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