O tema deste artigo tem tudo a ver com o que falarei no Rede Show, evento anual organizado pelo SECOVI-SP, no próximo dia 1º de dezembro, das onze ao meio dia, com o bate-papo denominado “Inovação não é para amadores”. A reflexão sugere que as tecnologias digitais oferecem muitas oportunidades, porém também trazem riscos antes inexistentes ou irrelevantes, seja para comprar, vender ou alugar. E complementa, induzindo que portais e portarias viraram porteiras, abrindo o mercado para todo tipo de irregularidade. Não sem razão!
O assunto é realmente palpitante. De fato, a tecnologia penetrou fundo na atividade imobiliária, especialmente após a decretação do isolamento social em razão do combate aos efeitos da pandemia. Atividades que antes eram essencialmente presenciais, de repente, passaram a ser realizadas pela via virtual. E não há retorno! A ainda pouco divulgada, mas já avançada, Internet das coisas (IoT – Internet of Things), aliada às inovações que serão trazidas pela tecnologia 5G, em vias de implantação no Brasil, acirrará ainda mais o processo de transformação digital.
Imaginemos um mundo totalmente automatizado: apartamentos, casas, conjuntos habitacionais, comércio indústria, propriedades rurais, tudo utilizando energia limpa, sustentável e amplamente disponível. Esse cenário é inevitável. No médio e longo prazo, tudo será modificado. Toda a indústria se renovará, inclusive a da construção, que passará a construir sob os novos desígnios, e terá de adaptar os imóveis existentes. O comércio, a indústria, os serviços, as atividades rurais, as pessoas, nada passará incólume às novas tecnologias.
A corretagem imobiliária tem sido muito afetada pela nova ordem tecnológica, em especial durante a pandemia do coronavírus. Colegas e empresas que não se adaptaram, e ainda resistem, estão sofrendo os efeitos de sua inércia. Ainda não há notícias de abandono profissional por falta de enquadramento. Isso, no entanto, será inexorável para quem não tiver disposição para aprender e se adaptar às novidades tecnológicas. A Convenção da NAR de 2021 (San Diego, CA) deixou claro que a tecnologia se tornou o bê-a-bá da intermediação imobiliária.
Há 13,7 milhões de pessoas sem trabalho no Brasil, mas há muito emprego disponível. Boa parte dos desempregados não tem qualificação para ocupá-los. Segundo Leandro Karnal, o trabalho repetitivo será cada vez mais das máquinas. Mas é preciso saber operá-las. A tecnologia sempre dependerá de nós para alimentá-la. A decisão criativa, emocional e empática nunca dispensará o ser humano. Ufa! Ainda bem! Mas a nova ordem favorece irregularidades? Sim, mas só à tentativa que, claro, tem de ser combatida com as mesmas armas.
Desde a popularização da internet no Brasil, inúmeros portais têm se aventurado na intenção de substituir o trabalho humano de corretagem de imóveis. Todos sucumbiram. A mediação de negócios é fundamentalmente emocional! Porteiros e síndicos têm incomodado. Startups de tecnologia também preocupam. Lastreadas em investimentos milionários, sem compromisso ético, atropelam regras e conquistam mercado. Mas são poucas! Enfim, a tecnologia traz problemas, mas também oferece soluções. Só precisamos agir com emoção e criatividade!