Consequências do tarifaço do presidente Trump sobre o Brasil

A decisão do presidente Trump de aumentar em 50% a tributação sobre produtos do Brasil vendidos aos Estados Unidos pode afetar profundamente nossa economia, com repercussões em diversos setores econômicos, inclusive o mercado imobiliário. O aumento, conquanto tenha sido comunicado como pressão para reequilibrar as trocas comerciais entre os dois países, no fundo, tem viés político-institucional. Os fatos indicam uma tosca tentativa de aliviar o totalitarismo esquerdista que, em tese, estaria subvertendo nossos princípios democráticos.

A situação requer uma análise detalhada de seus possíveis efeitos, tanto para o curto quanto para o longo prazo. Primeiro é necessário entender como as novas tarifas podem gerar uma retração nas exportações brasileiras. O encarecimento dos produtos torná-los-á menos competitivos e menos vendáveis no mercado norte-americano, reduzindo a demanda e as margens de lucro. Mas, embora o impacto mais notável seja na indústria e no agronegócio, o reflexo no mercado imobiliário será inevitável com a redução do poder de compra da população.

A redução das exportações poderá afetar negativamente a geração de empregos, em especial nas indústrias voltadas ao mercado externo. Menos trabalho, mais trabalhadores, menores salários. A relação comercial entre Estados Unidos e Brasil é importante para o setor imobiliário. Há várias empresas norte-americanas atuando em nosso mercado. A intensificação das tensões entre os dois países poderá torná-los mais cautelosos, resultando em menos investimentos. Em um contexto de menor confiança, muitos poderão adiar a compra do imóvel.

O fundo constituído pelas cadernetas de poupança, nos últimos tempos, em razão da fuga de poupadores para investimentos mais rentáveis, como o tesouro direto, tem sofrido redução significativa. Embora neste mês de junho a poupança tenha reagido bem, registrando saldo positivo de R$ 6,4 bilhões, no acumulado do ano, o registro negativo é de R$ 49,6 bilhões. A realidade indica que poupadores que abdicaram da poupança dificilmente voltarão, porque aprenderam a aplicar em investimentos igualmente seguros, porém muito mais rentáveis.

A tendência, portanto, é o esvaziamento da poupança a médio e longo prazo, porque lhe falta incentivo e publicidade. As gerações mais recentes já não sabem o que é uma caderneta de poupança; já estão ligadas a tesouro direto, criptomoedas, ações e outros ativos. Sem a poupança, o caminho é buscar fundings alternativos para os imóveis de classe média. Um deles seria o investidor estrangeiro. Mas este também pode se evadir ante a expectativa de retração econômica, provocada pelas tensões econômicas entre o Brasil e os Estados Unidos.

O caminho para superar a controvérsia depende não apenas de ajustes internos em nosso país. Ele requer também reaproximação política e econômica com os norte-americanos, para que as relações comerciais entre os dois países se restabeleçam e os fluxos financeiros retornem à normalidade. Não será fácil! A boa notícia, como escreveu nosso colega baiano, Sérgio Sampaio, “é nesses momentos que o imóvel ganha voz. Ele silencia nas fases de euforia e se agiganta nas crises. Vira reserva de valor, refúgio de capitais e escudo contra a volatilidade!

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