Impacto da alta da SELIC no mercado imobiliário

No último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), a decisão foi de elevar a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Esse movimento reflete a continuidade dos esforços do Banco Central em controlar a inflação, que tem sido um desafio persistente em um cenário de incertezas globais e pressões internas. Mas como esse aumento impacta o mercado imobiliário?

A Selic é um dos principais indicadores utilizados pelos bancos para definir o custo do crédito. Com a alta dos juros, o financiamento imobiliário tende a ficar mais caro. Isso acontece porque as instituições financeiras elevam as taxas cobradas dos consumidores para compensar o aumento dos seus próprios custos de captação de recursos. Dessa forma, quem busca um financiamento imobiliário pode se deparar com juros mais elevados, o que compromete o poder de compra das famílias.

Além disso, o aumento da Selic desestimula novos investimentos no setor. Incorporadoras e construtoras dependem fortemente de financiamento para lançar novos empreendimentos e a alta dos juros pode reduzir o apetite por projetos de grande porte, especialmente em um cenário em que a demanda pode enfraquecer devido à redução do crédito acessível.

A curto prazo, o aumento da Selic pode desacelerar o crescimento do setor imobiliário, que vinha mostrando sinais de recuperação nos últimos anos, impulsionado pela baixa dos juros em 2020 e 2021. Com a elevação, o mercado pode experimentar uma desaceleração nas vendas, especialmente em imóveis de médio e alto padrão, onde o crédito imobiliário desempenha um papel mais relevante.

No entanto, para o médio e longo prazo, o impacto pode ser mais moderado. Isso porque o setor imobiliário, historicamente, tem se mostrado resiliente frente a ciclos de alta de juros. Além disso, a expectativa de que a inflação seja controlada pode criar uma estabilidade econômica que favorece a confiança dos consumidores e investidores no futuro.

Embora a alta da Selic possa representar um desafio, também cria oportunidades. A demanda por imóveis de menor valor, como aqueles do programa Minha Casa Minha Vida, pode ser menos impactada, uma vez que esse segmento é financiado por programas do governo com taxas subsidiadas. Além disso, investidores podem ver o setor imobiliário como uma forma de proteger seus recursos em um cenário de incertezas e volatilidade.

Por fim, a elevação dos juros reforça a importância de uma boa estratégia de planejamento financeiro, tanto para consumidores quanto para empresas do setor. Buscas por melhores condições de crédito, assim como parcerias estratégicas entre incorporadoras e agentes financeiros, tornam-se fundamentais para mitigar os impactos desse novo cenário econômico.

Em resumo, o aumento da Selic traz desafios importantes para o mercado imobiliário, sobretudo no financiamento de imóveis. No entanto, com planejamento e uma visão de longo prazo, o setor pode encontrar formas de se adaptar e continuar sua trajetória de crescimento.

 

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Davi Mota

Profissional certificado Especialista em Crédito Imobiliário. Possui MBA em Gestão de Processos e mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro e imobiliário, principalmente como Correspondente Bancário.

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