Os coworkings você já conhece: são aqueles espaços de trabalho compartilhados entre duas ou mais empresas, localizados geralmente em prédios comerciais. Agora, o que começa a virar tendência no mercado são as cabines de trabalho individuais encontradas em locais como cafeterias, aeroportos, shopping centers, condomínios, estações de metrô ou até em parques. De acordo com a consultoria Consumoteca, 73% dos brasileiros não querem trabalhar em regime de home office em tempo integral. Porém, em vez de ir para o escritório da empresa, alguns estão preferindo passar o expediente nessas novas workbooths mesmo. As vantagens são muitas: para boa parte das pessoas, a própria casa não é o melhor lugar para labutar. A internet falha, o vizinho faz barulho, a televisão distrai, entre outros fatores. Além disso, o deslocamento até a empresa é um grande empecilho para quem não pode ficar perdendo tempo no trânsito ou no transporte público. Para as companhias, terceirizar a operação dos escritórios também pode ser uma boa maneira de reduzir as despesas, uma vez que as workbooths funcionam na modalidade on demand — ou seja, você só paga pelo tempo que usar.
Se as workbooths estão se tornando tendência, é porque as startups e organizações tradicionais apostam que o futuro do trabalho será híbrido: os funcionários trabalharão em casa como em escritórios. Assim, algumas incorporadoras não veem sentido em incluir na planta dos seus apartamentos uma área destinada para o home office, já que esta seria usada apenas algumas vezes na semana pelo morador. Por outro lado, as empresas tampouco vão querer manter amplos escritórios que não serão ocupados todos os dias por seus colaboradores. Eis que as cabines de trabalho individuais surgem como um meio-termo entre uma coisa e outra, onde o cliente pode alugar por um determinado período de tempo, como se estivesse em um Airbnb dos mini escritórios. Aliás, o funcionamento das plataformas de workbooths é bastante parecido com um site de aluguel de acomodações por temporada: o usuário escolhe a cabine de acordo com o local, tamanho e equipamentos, faz a reserva, destrava a porta no horário agendado através do smartphone, usa o espaço e depois vai embora. Tudo online, sem qualquer contato com um funcionário da empresa responsável pelo serviço.
A Tecnisa foi criada em 1977 e até hoje lançou mais de 265 empreendimentos entre casas, condomínios, unidades hoteleiras e comerciais. Apesar de ser uma incorporadora tradicional, a Tecnisa nunca teve problemas em abraçar novas tecnologias. Em 2014, por exemplo, a empresa passou a aceitar bitcoins como pagamento pela entrada de seus apartamentos. A proximidade com o ecossistema de inovação levou a incorporadora a adquirir participação de 25% na startup de propriedades imobiliárias BoxOffice. Com a compra de uma fatia da proptech, a Tecnisa busca integrar uma plataforma de gestão de reservas para lançar os WorkPods, pequenas estações privativas de trabalho implantadas em bairros residenciais de São Paulo. Quem falou com a gente sobre essa parceria foi Joseph Meyer Nigri, CEO da Tecnisa:
A empresa foi impactada pela BoxOffice em 2019 e chegou a utilizar uma de suas cabines de trabalho. Mas, naquela época, não estavam cientes do potencial do trabalho remoto. Com a pandemia, ficou claro que o modelo híbrido [casa e escritório] veio para ficar, e passaram a desenvolver produtos com estações de trabalho em bairros residenciais, que se chamam de WorkPods. Mas faltava uma plataforma para fazer a gestão das reservas. Foi então que BoxOffice apareceu.
A Tecnisa possui dois objetivos principais: o primeiro é viabilizar e alavancar a exploração dos nossos WorkPods, vendendo passes de trabalho para empresas que queiram oferecer esse benefícios aos seus funcionários. O segundo é aprimorar a própria plataforma e fazê-la crescer, com a intenção de valorizá-la e, quem sabe, fazer um spin-off no futuro. E para o CEO da Tecnisa, Joseph Meyer, a próxima bola da vez para o mercado imobiliário será a tokenização de imóveis por blockchain.