A importância do relacionamento para investimentos no setor de incorporação imobiliária residencial

Artigo por Ebran Theilacker, CEO da Versi

Os projetos de incorporação imobiliária residencial são marcados por dois principais elementos: capital intensivo e ciclo longo. O capital intensivo traz a necessidade de captação de recursos constante com investidores, enquanto o ciclo longo carrega muitas incertezas. Essa última característica traz complexidade para a relação entre investidores e incorporadoras, especialmente quando do lado da incorporadora se deseja flexibilidade e, do lado do investidor, previsibilidade.

A única certeza em negócios imobiliários é de que a vida real será diferente da planilha de viabilidade e o plano de negócios precisará ser constantemente ajustado. Mesmo quando um incorporador faz bem o seu papel, vendendo no preço e ritmo certo, construindo no custo previsto, a taxa de juros do país pode aumentar no período e colocar em risco todo o trabalho realizado. Esse exemplo está sendo visto atualmente no Brasil, em que a taxa de juros saltou e trouxe consigo risco de falta de crédito para financiamento dos adquirentes de imóveis do último ciclo de construção. Nesse cenário, para evitar conflitos em que ambos os lados perdem, os investidores precisam ser mais do que apenas fornecedores de dinheiro, mas sim parceiros estratégicos que compreendem os riscos e particularidades de cada empreendimento. Quando incorporadoras e investidores se entendem, torna-se possível enfrentar os desafios com mais agilidade.

O crescimento expressivo de soluções de capital ainda recentes no Brasil reforça a necessidade dessa abordagem. Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) movimentaram R$14 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2025, por exemplo. Esse volume demonstra que há apetite dos investidores para financiar o setor e evidencia a importância de estruturar os investimentos de forma inteligente, colaborativa, e não apenas transacional, para que o mercado cresça de maneira saudável e consistente.

Construir uma relação duradoura entre quem precisa de capital e quem pode oferecê-lo traz benefícios para todos. Para as incorporadoras, significa acesso mais estável a recursos, mesmo em momentos de maior volatilidade econômica. Para os investidores, representa a possibilidade de entender melhor o risco e fazer investimentos mais conscientes. Para isso acontecer, ambos devem estar dispostos a trocar experiências e se ajudar mutuamente.

O futuro do mercado imobiliário depende da capacidade de se criar mecanismos sustentáveis, baseados no entendimento profundo das dinâmicas do setor. O crédito precisa ser visto como um elo de relacionamento e não apenas como um recurso financeiro. Quando as habilidades se somam, as soluções se tornam mais inteligentes, e os resultados multiplicam-se.

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