Aluguel sobe mais do que prestação do MCMV

Com a alta da Selic, a taxa  básica de juros da economia brasileira, que tem subido consecutivamente e já chegou a 14,25%, muitas pessoas se sentem inseguras sobre se este é o momento ideal para comprar um imóvel ou não, pois a Selic influencia diversos tipos de financiamentos, inclusive os imobiliários. Porém, especialistas apontam que esse continua sendo um cenário  positivo para a compra da casa própria, principalmente para os brasileiros que podem usar o programa Minha Casa Minha Vida do governo federal, que permanece inalterado. Além disso, o reajuste das parcelas acontece em um índice bem menor que o valor do aluguel.

Segundo Thiago Ely, diretor executivo comercial da MRV&CO, sempre que há alta da inflação, os consumidores, que adquirem seus imóveis pelo programa MCMV, são beneficiados. “Importante ressaltar que as taxas desses financiamentos não sofrem reajustes e são pré-fixadas entre 4 e 8%, garantindo estabilidade aos consumidores do programa”, destacou ele.

As famílias vão economizar se trocarem o aluguel pela prestação, pois o reajuste dos contratos subiu em média 13,50% em 2024, de acordo com o índice Fipezap, ou seja, bem mais que os juros da prestação. Em 2023, a majoração foi de 16,16%.

A maior dificuldade da família, neste caso, é conciliar a prestação com o aluguel enquanto o imóvel está em obras. Para contornar esta dificuldade, as incorporadoras têm criado fluxos de pagamento facilitados. “Na MRV, por exemplo, é possível comprar com R$ 200 de entrada. A construtora parcela em até 72 meses o restante da parte não financiada pelo banco”, diz Paulo Passos, gerente comercial da MRV em Goiás.

Uma das pessoas que realizou seu sonho de ter a casa própria aproveitando as facilidades do Minha Casa Minha Vida (MCMV) e o parcelamento da entrada da MRV foi a professora de educação física Enaile Ohana Silva, de 30 anos. Ela conta que sempre morou de aluguel, mas que sonhava em ter seu próprio apartamento para morar com os dois filhos, um de dois anos e uma de dez anos. Contudo, com o aumento do valor do aluguel ela começou a pesquisar para comprar a casa própria e um amigo lhe falou sobre um projeto que estava sendo construído na região do Jardim Novo Mundo, em Goiânia. E para sua surpresa, ao  visitar a empresa e fazer uma simulação de forma despretensiosa, o seu financiamento foi aprovado e ela conseguiu realizar seu sonho.

“Eu não imaginava que fosse conseguir tão rápido e de forma tão fácil, porque eu não tinha o valor da entrada. Mas com o parcelamento da empresa eu dei um sinal de 200 reais e assinei meu contrato na mesma semana. E foi tudo do jeito que eu precisava, um apartamento que oferece segurança para meus filhos e com o dinheiro que economizei da entrada já estou orçando para fazer os móveis planejados”, conta ela. A professora não esconde a felicidade pela realização do sonho dela e da família e pelo fato de que com a parcela do imóvel próprio vai ficar quase a metade do valor do aluguel que ela iria pagar com o aumento. Enaile e a família devem se mudar no início de 2026 para o Gran Regence.

 

Valorização X ganho salarial

Além do fato de que a prestação do imóvel próprio pode ser menor do que o valor do aluguel, a valorização contínua da casa própria também contribui para o estímulo à troca do aluguel pelo financiamento. Em 12 anos, o imóvel subiu, em média, 71,54% a mais do que os rendimentos médios do goiano. “E esta é uma realidade em qualquer tempo. Estando a taxa Selic alta ou baixa, eu recomendo que o cliente compre imóvel ontem, pois o patrimônio sempre vai valorizar. Imóvel nunca vai ter uma redução de valor”, diz Paulo Passos.

Entre janeiro de 2012 e dezembro de 2024, os rendimentos médios efetivamente recebidos pelos goianos tiveram o aumento real de R$ 2922 para R$ 3449, ou seja, 18,03% já descontada a inflação, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Enquanto isso, o preço dos imóveis subiu uma média de 139,54% em Goiânia, de acordo com dados do Instituto Brain e do Grupom. Os preços médios do metro quadrado saíram de R$ 3877 para R$ 9287 neste período. Se descontada a inflação do período [o Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 108,61% neste período], o aumento real foi de 30,93% – e isso representa 71,54% a mais que ganho médio real de rendimento do brasileiro.

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