Em um mercado cada vez mais competitivo e exigente, como o imobiliário, presença digital já não é mais um diferencial — é uma obrigação. Porém, de nada adianta investir em redes sociais, vídeos e estratégias de captação se o essencial continua negligenciado: a qualidade do atendimento presencial e o cuidado com a experiência do cliente.
Em 2025, é inadmissível que um corretor de imóveis — especialmente aquele vinculado a uma imobiliária — conduza uma visita com postura amadora, julgando o cliente por sua aparência, ignorando suas observações ou, pior, deixando-o sozinho enquanto trata de assuntos pessoais com o proprietário.
Mais do que um erro pontual, esse comportamento revela despreparo e falta de compreensão sobre o verdadeiro papel do corretor: ser um facilitador, um orientador, um agente de confiança em um dos processos mais importantes da vida do cliente.
Esse tipo de conduta compromete não apenas uma venda, mas a reputação de toda a imobiliária envolvida. O cliente não separa o profissional autônomo da empresa que ele representa. Por isso, é fundamental que as imobiliárias se posicionem com responsabilidade sobre a conduta de seus corretores e adotem práticas de escuta ativa após as visitas.
Raras são as imobiliárias que entram em contato após uma visita para perguntar: Como foi o atendimento? O imóvel fez sentido? Você se sentiu ouvido e respeitado? Essas perguntas, simples e diretas, poderiam gerar insumos valiosos: identificar falhas, corrigir rotas, treinar melhor seus profissionais e, mais importante, reverter situações mal conduzidas e recuperar vendas perdidas. Porque não se trata apenas de “fechar” e ganhar uma comissão. Trata-se de construir uma relação de confiança.
Um cliente bem atendido não só finaliza a compra com segurança, como também recomenda o corretor, indica novos interessados e volta no futuro para colocar seus próprios imóveis à venda ou locação. Um atendimento profissional e humano não é apenas sobre colocar dinheiro no bolso, é sobre abrir portas para novos negócios, de forma contínua.
Corretagem é mais do que vender um imóvel. É representar pessoas, momentos, expectativas. Exige preparo, sensibilidade, ética e presença. O profissional que não compreende isso, precisa repensar sua permanência no setor.
E às imobiliárias, fica o chamado: estejam próximas dos seus clientes, e não apenas dos resultados. O que constrói uma marca forte não são apenas os imóveis que ela anuncia, mas a experiência que ela proporciona em cada contato. Se quiserem de fato elevar o padrão do mercado imobiliário, precisam sair da estética e retomar a essência: respeito, ética, escuta e acompanhamento. O cliente que é ouvido e valorizado, permanece. O que é ignorado, não retorna. Imóveis são produtos. Atendimento é a experiência. E é nessa experiência que se decide a venda — ou a perda.
Advogada especializada em Direito Imobiliário, é sócia fundadora de um escritório de advocacia com atuação voltada à assessoria jurídica no mercado imobiliário. Com sólida experiência na área, também atua como Membro Relatora da Comissão de Direito à Cidade e da Comissão de Compliance e Governança Jurídica da OAB/PR.
Teve passagem pela CEFISP – Comissão de Ética e Fiscalização do Exercício Profissional do CRECI-PR, contribuindo ativamente para a regulação e boas práticas do setor. Reconhecida por sua atuação técnica e ética, é referência em consultoria jurídica para incorporadoras, construtoras, imobiliárias e investidores do setor.