Com 650 mil corretores em atividade — um crescimento de 195% nos últimos 15 anos —, o mercado imobiliário brasileiro vive um momento de expansão e qualificação profissional, ao mesmo tempo em que se prepara para explorar a inteligência artificial como motor de eficiência e inovação. As conclusões, apresentadas na última quinta-feira (4), no Conecta Imobi 2025, reúnem os resultados de uma pesquisa inédita do COFECI (Conselho Federal de Corretores de Imóveis) em parceria com a DataZAP, do Grupo OLX, com apoio da Pnad/IBGE, e as análises compartilhadas pelos participantes dos painéis sobre o perfil e o futuro da profissão.
“Não se trata de vender imóveis, mas de mudar a vida das pessoas”, avaliou Heitor Kuser, CEO do Cimi360 e consultor do COFECI, ao detalhar o levantamento do DataZAP. O estudo mostra que a profissão vem atraindo um público cada vez mais preparado. Entre os corretores entrevistados, 62% têm curso superior, ante uma média nacional de 16,5%. Há 25 anos, apenas 14% desses profissionais tinham um diploma universitário.
O estudo também indica que 62% moram em imóvel próprio e 23% possuem mais de um bem. Quanto m motivação, 33% afirmaram ter ingressado na carreira pela oportunidade de ganhar dinheiro e 11% por influência familiar. O orgulho com a profissão é elevado: 96% declararam sentir orgulho de ser corretor e 60% afirmaram estar “muito satisfeitos” com a carreira.
Um dos principais obstáculos relatados durante o painel é a alta incidência de propriedades irregulares. “Hoje, 50% dos imóveis m venda no Brasil estão em situação irregular”, destacou Kuser, apontando o impacto sobre a atuação dos profissionais. A pesquisa também mostra que 92% dos corretores se dedicam exclusivamente m profissão, enquanto 8% dividem-se com outra atividade. Do total, 71% trabalham por conta própria. A carga de trabalho é de entre 40 e 44 horas semanais para 57% dos corretores e entre 15 e 39 horas para 21%. No quesito renda, a média registrada no primeiro trimestre de 2025 foi de R$ 4mil para homens e R$3 mil para mulheres, evidenciando um gap de gênero na remuneração.
Segundo Kuser, uma das áreas mais promissoras é o mercado de leilões. Apenas 13% dos corretores têm experiência no segmento, mas 63% demonstram interesse em atuar nele, embora ainda sem conhecimento técnico para começar.
Coriolano Lacerda, gerente de Pesquisa e Inteligência de Mercado do Grupo OLX, destacou a importância do estudo: “Nosso objetivo é entender melhor quem são esses profissionais, suas motivações, desafios e transformações ao longo do tempo. Somos parceiros dos corretores e, por meio de levantamentos como esse, conseguimos apoiar o setor com dados relevantes e direcionar nossas soluções ms necessidades desse público”.
No painel “A Nova Regra do Jogo”, Peixoto Accioly, CEO da RE/MAX Brasil, observou que a adoção de novas tecnologias, como IA, deve aproximar os corretores brasileiros do “padrão ouro” já consolidado nos Estados Unidos. Segundo Accioly, um corretor norte-americano realiza em média 10 transações por ano, ante 2 no Brasil; nos EUA, um imóvel leva 36 dias para ser vendido, comparado a 480 no mercado brasileiro; e enquanto no Brasil um profissional chega a administrar 100 imóveis, nos EUA esse número é de apenas 17. Para o executivo, os dados apontam para o grande potencial de evolução do mercado doméstico, rumo a maior eficiência e produtividade.
Segundo Accioly, a inteligência artificial já é uma ferramenta decisiva para agilizar o atendimento, melhorar a curadoria de imóveis e liberar o corretor para aquilo que faz a diferença: compreender e atender as necessidades únicas de cada cliente. Hoje, 19% das empresas do setor no Brasil já utilizam IA, frente a 85% nos EUA, com expectativa de chegar a 90% até 2030. Para ele, essa diferença representa uma oportunidade clara de avanço.
Para Accioly, o desafio aqui é acelerar a adoção de novas tecnologias, apostar em processos mais transparentes e colocar o cliente no centro da jornada. “Os corretores têm todas as condições de alcançar os padrões de excelência internacionais”, concluiu.
Para formar equipes de alta performance em vendas, contudo, não basta investir em ferramentas tecnológicas: a própria cultura da empresa precisa ser de alta performance — e não apenas de controle. Nesse contexto, oferecer treinamentos frequentes, garantir uma boa estrutura de trabalho e ter um propósito claro são fatores essenciais para conquistar o comprometimento dos corretores, avaliou Frederico Oehlmeyer, sócio-diretor da Roca Imóveis, durante o painel “O Futuro da Intermediação”.
Edinaldo Rodrigues, diretor de Expansão da RE/MAX, reforçou o argumento ao destacar que “uma cultura forte promove engajamento e ajuda nos resultados.”
Mesmo tendo a tecnologia como base da criação da Smarty Valuation — plataforma que utiliza IA para gerar relatórios de avaliação de imóveis —, o CEO, Eduardo Theodoro, ressaltou que, além de investir em conhecimento técnico e autoconhecimento, o corretor nunca pode perder o “feeling” de mercado e o contato direto, o “olho no olho”, com o cliente. Para ele, outro ponto fundamental é a definição de um nicho de atuação: “Corretor tem que ser nichado.”
O Conecta Imobi 2025, organizado pelo Grupo OLX, aconteceu entre 3 e 4 de setembro, em São Paulo.
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