SÃO PAULO – A transformação digital tem sido uma das grandes aliadas do setor imobiliário para minimizar os impactos da crise causada pela pandemia de coronavírus.
O setor sofre grandes perdas desde março, quando passaram a ser implementadas medidas mais severas para conter o avanço do surto no país. Em abril, as vendas de novos imóveis na cidade de São Paulo caíram cerca de 28% na comparação com março, que também registrou retração (-36%) sobre fevereiro, segundo a Pesquisa do Mercado Imobiliário, realizada pela Secovi-SP.
Apesar do cenário negativo, Rafael Menin, CEO da MRV, afirmou durante live promovida pelo InfoMoney e pelo especialista em mercado imobiliário, Ricardo Reis, que a construtora está caminhando na contramão da crise e segue com bom desempenho, principalmente no e-commerce.
“O ano começou muito forte, mas a partir da segunda quinzena de março houve um pouco de inquietude por parte do comprador. De fato, essa é uma crise muito séria, mas a MRV está tendo um desempenho diferenciado durante esses meses de pandemia. No primeiro trimestre crescemos 25% em relação ao ano passado. Os meses de abril e maio também foram muito bons”, diz Menin.
O executivo segue otimista em relação ao futuro do mercado imobiliário, diante do cenário de juros baixos e das perspectivas de recuperação econômica para os próximos anos.
Menin pontua também que o aspecto demográfico do país contribui para essa visão positiva – já que mais de um milhão de novas famílias são formadas no Brasil por ano e essa condição aquece o mercado, sobretudo o de imóveis para famílias de baixa renda, foco da MRV.
“Tudo leva crer que teremos uma inflação baixa e isso é fundamental. Acredito que teremos também um crescimento econômico continuado, por mais que o Brasil esteja passando por um momento mais difícil, as reformas devem prosseguir no país e o nosso mercado vai explodir, dobrando de tamanho. E, sem dúvida, esse mercado de baixa renda será o mais impactado por essa mudança demográfica e socieconômica”, afirma.
Sérgio Fischer, CEO da LOG, também participou da conversa e disse que a pandemia contribuiu positivamente para o setor de galpões. Com a digitalização de vários negócios, a companhia que atua na incorporação, construção e locação de condomínios logísticos, shoppings e loteamentos industriais, tem visto um aumento das operações à medida que a participação de mercado do e-commerce cresce no varejo.
Segundo Fischer, muitos dos clientes da empresa atuam no setor de e-commerce e, como suas vendas aumentaram durante a crise, agora eles estão buscando mais espaço para dar vazão à ampliação das operações. “Estamos com uma carteira de clientes envolvidos com a companhia, que querem expandir seus negócios, e esses clientes têm ditado o nosso ritmo de crescimento de portfólio”, afirma.