Especialista analisa que é possível fazer a portabilidade do financiamento quando a taxa abaixar
O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve na última semana a taxa Selic em 15% ao ano pela segunda vez consecutiva. Os juros seguem no maior patamar em quase 20 anos desde setembro do ano passado, quando estava em 10,50%, a taxa foi elevada por várias reuniões seguidas. Por ser referência para os diversos setores da economia, ela está influenciando diretamente o financiamento imobiliário, que é o principal meio de aquisição da casa própria no Brasil. Segundo o anuário Data Zap, mais de 50% dos brasileiros utilizam essa opção.
As projeções da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) indicam uma redução entre 15% e 20% nos financiamentos imobiliários pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) em 2025, devido, em parte, às limitações dos recursos da poupança destinados ao financiamento imobiliário e às condições macroeconômicas mais desafiadoras.
Diretor da URBS Connect, Gustavo Abdala, explica que, em cenários de dificuldade econômica, a demanda por aquisição de bens tende a cair e surgem oportunidades de momento. “Incorporadoras costumam oferecer vantagens para aquecer as vendas. O proprietário que precisa vender com rapidez tem mais flexibilidade para aceitar uma proposta menor”, exemplifica.
Além disso, o especialista comenta sobre os aluguéis neste momento. “Com o aumento da Selic existe um pouco mais de dificuldade de conseguir crédito e, com isso, o preço dos aluguéis aumenta consideravelmente. Assim, é uma oportunidade também para quem quer investir e ter uma rentabilidade, porque as locações cada vez ficam mais caras, pois tem menos pessoas financiando que vão ter de seguir morando de aluguel”, pontua.
Portabilidade
Em relação aos juros altos do financiamento, ele lembra que a taxa Selic é historicamente cíclica e vai baixar. “E quando baixar, o consumidor pode fazer a portabilidade para usufruir das taxas menores”, pontua o especialista imobiliário. A portabilidade de financiamento imobiliário foi regulamentada em 2006 pelo Banco Central e, assim como nos planos de saúde e operadoras de celular, permite que o consumidor faça a migração da dívida para o banco que cobrar a menor taxa.
Gustavo Abdala lembra ainda que esperar a Selic baixar para fazer a compra pode não ser um bom negócio, pois neste momento a demanda por compra costuma aumentar – já que as condições de pagamento estão favoráveis – e os preços acompanham a alta. “Comprar agora e fazer a portabilidade no futuro é uma forma de aproveitar o melhor dos dois mundos”, arremata.
Em 12 anos, o preço do imóvel subiu, em média, 71,54% a mais do que os rendimentos médios do goiano. “E esta é uma realidade em qualquer tempo. Estando a taxa Selic alta ou baixa, eu recomendo que o cliente compre imóvel ontem, pois o patrimônio sempre vai valorizar. Imóvel nunca vai ter uma redução de valor”, diz o diretor da URBS Connect.