O futuro é prateado: como os 50+ vão transformar o mercado imobiliário brasileiro

O Brasil vive uma transição demográfica acelerada e estrutural, que transforma os perfis de consumo e impacta diretamente o setor imobiliário. Em 2000, havia cerca de 15,2 milhões de pessoas com 60 anos ou mais; em 2023, esse grupo saltou para 33 milhões, passando de 8,7% para 15,6% da população. Projeta‑se que esse contingente atingirá 75,3 milhões (37,8%) em 2070.

A esperança de vida ao nascer subiu de 71,1 anos em 2000 para cerca de 76,4 anos em 2023, com estimativas de alcançar 83,9 anos até 2070  . Em paralelo, a idade média da população passou de 28,3 anos para 35,5 anos, com previsão de atingir 48,4 anos no futuro  .

 

A economia prateada e seu impacto

Atualmente, pessoas com 50 anos ou mais compõem 27,9% da população brasileira (2024), com expectativa de alcançarem 42,3% em 2050  . Esse segmento movimentou cerca de R$ 1,8 trilhão em 2024, equivalente a 24% do consumo privado no país. O montante deve dobrar nos próximos 20 anos, atingindo R$ 3,8 trilhões até 2044, ou 35% do consumo privado  . No plano global, a economia da longevidade produz cerca de US$ 22 trilhões anuais  .

 

O novo perfil do consumidor imobiliário

A população madura traz características específicas em suas decisões de moradia:

  • Investe em segurança, acessibilidade e bem‑estar;
  • Prefere imóveis com terrenos menores, funcionalidade e integração com serviços;
  • Valoriza empreendimentos que ofereçam tecnologia, prevenção à saúde e convivência ativa.

Ainda que estimem gastar 26% a 30% do seu orçamento mensal com moradia, grande parte dos imóveis brasileiros não atende às suas demandas específicas.

Segundo o Censo de 2022, 5,6 milhões de idosos vivem sozinhos, representando 28,7% dos lares unipessoais — reforçando a demanda por ambientes adaptados, convivência e infraestrutura dedicada  .

 

Conectando inovação ao propósito de viver mais

A diversificação de perfis dentro da faixa 50+ é enorme: enquanto muitos buscam experiências e convivência, outros preferem tranquilidade e segurança. Reconhecer essa heterogeneidade é o primeiro passo para desenvolver produtos imobiliários com propósito.

Assim, soluções que combinam hospitalidade, espaços colaborativos, cuidados preventivos, e design acessível se tornam irresistíveis.

 

Recomendações para Incorporadoras e Construtoras:
  • Projetos com acessibilidade: incluir elevadores adaptados, eliminar barreiras arquitetônicas, investir em iluminação adequada e sistemas de segurança.
  • Condomínios com serviços integrados: oferecer telemedicina, automação residencial, áreas de convivência e suporte a cuidados preventivos.
  • Design flexível e seguro: plantas funcionais, banheiros adaptados, uso de materiais antideslizantes e soluções que reduzam riscos domésticos.
  • Localização estratégica: priorizar imóveis próximos a transporte público, comércio essencial, serviços de saúde e espaços de lazer adulto.
  • Segmentação e comunicação clara: criar campanhas específicas para o público 50+, valorizando autonomia, segurança, bem-estar e pertencimento.

 

Conclusão

Mais do que uma estatística, a longevidade representa uma oportunidade real de crescimento para o mercado imobiliário. Ao entender esse consumidor maduro, exigente, autônomo, conectado ao bem‑estar, incorporadores e construtores podem criar soluções que façam sentido hoje e preparem o futuro.

Adaptar produtos, comunicação e estratégias para essa realidade demográfica não é apenas inovação: é responsabilidade e visão de mercado.

 

 

Ricardo Rocha Leal

Diretor de Incorporação, Comercial e Marketing da MS Empreendimentos. Corretor, especialista com mais de 15 Bilhões de VGV e mais 150 lançamentos. Autor, Professor e Palestrante.

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