Eu lembro que, em meus tempos de criança, ainda insipiente (ignorante) no saber, de vez em quando, anunciavam na minha cidade a apresentação de uma orquestra sinfônica. Curioso, eu procurava saber o que significava sinfônica. Afinal, eu sabia que existia um instrumento musical popularmente conhecido como sanfona (acordeom). Para mim, havia um erro de grafia. O correto seria sanfônica. Hoje, sei que a palavra não existe. Com o tempo, um pouco mais sábio, descobri que sinfônica deriva de sinfonia e nada tem a ver com sanfona.
Morfologicamente (estudada individualmente), a palavra sinfonia é um substantivo feminino, que significa composição musical idealizada para ser executada por um grupo de músicos (orquestra) em forma de sonata (exclusivamente instrumental), caracterizada pela diversidade de timbres e multiplicidade de instrumentos musicais nela utilizados. Assim, depois da Sessão Plenária de Aracaju, SE, passei a refletir sobre a “orquestra sinfônica” em que se configura o Plenário do Conselho Federal, e por seus efeitos no tempo e no vento.
Cada um de nós, conselheiros federais, representa um instrumento diferente e com timbre vocal único. Todavia não há dissonância entre nós. Pelo menos não severamente. Claro que, eventualmente, discordamos por um ou outro motivo. Mas, ao final, sempre saímos conscientes de que o processo tem de ser democrático. Ou seja, a opinião da maioria deve prevalecer. Assim tem sido desde que iniciamos a jornada na condução dos destinos de nossa categoria profissional que, aliás, tem progredido sobremaneira nestes últimos anos.
Forças poderosas e incontroláveis, o tempo e o vento podem ser também elementos de beleza e inspiração. Eles nos fazem pensar na fragilidade da nossa existência, quando comparada com a grandeza e o poder da natureza. Na reflexão silenciosa, percebemos que o vento sussurra em nossos ouvidos histórias de amor e de ódio, de triunfo e de derrota; já o tempo, sábio por sua própria concepção, em silêncio, perscruta os segredos do passado e tece os fios do futuro. Por meio deles, cabe-nos celebrar a beleza do mundo e apreciar cada momento da vida.
Implacável maestro da sinfonia da vida, o tempo dita o ritmo das estações do ano, assim como guia nossas vidas num ciclo incessante, passando incólume por percalços e tropeções, como a perda de um ente querido. O vento, com sua força indomável, capaz de esculpir nuvens em formas fantásticas e revolver os céus em diversos tons vibrantes, nos conduz através do tempo, que flui inexoravelmente. Nele, o vento leva os momentos que vivemos e as memórias que criamos, como se fosse um implacável e imparável redemoinho.
Foi nesse mirabolante processo que conduzimos o Sistema Cofeci-Creci nos últimos 24 anos. Por isso, sem refletir, somos incapazes de lembrar as agruras por que juntos passamos, até chegarmos ao Olimpo em que hoje vivemos. Assim, na próxima vez em que sentirmos uma brisa no rosto, paremos e apreciemos a sinfonia da vida. Deixemos que suas melodias nos transportem para um lugar de paz e de reflexão. Lá, como num transe, lembraremos de cada momento de dor e de realização. Então saberemos o valor de cada um de nós!