(Uma singela homenagem à querida tia Ninfa)
Margarina não é marca, é produto. Em 1869, na França de Napoleão III (1808 a 1873), houve uma crise alimentícia. A manteiga, que era muito consumida, tornou-se escassa. O governo desafiou os cientistas a encontrarem para ela um substituto. O químico Hipóllyte Mergé-Mouriès misturou sebo de boi, úbere de vaca e leite. A mistura (hoje feita à base de óleos vegetais) resultou saborosa e se tornou popular. O nome é de origem grega: margaron (brancura perolizada). O novo produto ganhou sua primeira fábrica na Holanda, no ano de 1871.
No meu tempo de criança, na então insipiente, hoje magnífica cidade de Maringá, no Estado do Paraná, pelo menos no meio social em que eu vivia, não se cogitava em jardim de infância ou pré-escola. Aos sete anos, entrávamos diretamente no primeiro ano do ensino básico. Foi assim que aconteceu comigo. Minha primeira professora era também minha tia por afinidade, casada com meu tio Joaquim, irmão de minha mãe. Descendente de espanhóis, o nome dela chamava atenção de todos: Teóphila Ninpha. Ficou conhecida como Dona Ninfa.
A tia Ninfa, de saudosa memória, era uma pessoa maravilhosa. Tinha o coração bem maior do que seu físico podia suportar. Era amorosa, carinhosa, sábia, dedicada e honesta. Com ela se compatibilizavam todos os bons adjetivos que pudermos imaginar, inclusive o de bonita. Ela era linda, de corpo e alma! Porém era muito rigorosa com seus próprios conceitos. Um dia, no final do meu primeiro ano de estudos, ela decidiu testar minha capacidade de leitura. Mas, ao invés de um livro, ela pôs em minha frente um pote de Margarina.
Pois bem! Minha tia me desafiou a ler em voz alta o nome do produto. Mas ao invés de ler com fluência eu li: mar-ga-rida. Ou seja, gaguejando, li as duas primeiras sílabas e completei as outras duas por dedução do nome próprio “Margarida”. Ferrei-me! Na correta concepção da tia Ninfa, eu não sabia ler fluentemente e não podia ascender ao segundo ano, no qual, em tese, todos teriam de saber ler e interpretar textos curtos. Confesso que fiquei chateado, e preocupado. Como explicar aos meus pais que eu não passaria de ano?!
No entanto, minha tia estava certa! Hoje, eu considero que, se não fosse aquela sua atitude enérgica, eu não teria conseguido ser quem eu sou. Obrigado tia Ninfa! Neste mês (outubro) comemoramos duas datas importantes: dia 12 é o dia da criança, pilar básico de toda sociedade. Dia 15 é o dia do professor, responsável pela formação de nossa personalidade. O Brasil, com toda a sua rica diversidade cultural e histórica, enfrenta um desafio crucial: a crise na educação, que só poderá ser elidida pela ação enérgica e comprometida de nossos mestres.
Bons professores podem fomentar o amor pelo aprender, despertar a curiosidade e estimular o pensamento crítico. Além de transmitir conhecimentos, eles podem desenvolver a autoestima e a autonomia dos alunos. Ademais, podem influenciar significativamente na formação da personalidade, transmitindo valores como respeito, ética e cidadania. A educação de qualidade e desideologizada é direito de todos e dever do Estado. Então, homenageemos os professores e todas as crianças na certeza de que, juntos, construiremos um Brasil melhor!