Tecnologia e sustentabilidade serão os motores do setor da construção civil em 2025

*Por Eduardo Pires, diretor de produtos para Construção da TOTVS

 

A construção civil é um pilar fundamental da economia brasileira, desempenhando um papel crucial para toda a sociedade não apenas na geração de emprego e renda, mas também no desenvolvimento social e na redução do déficit habitacional, um problema latente do país. E o setor está aquecido. Em 2024, de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o segmento teve um crescimento expressivo de 3,5% no segundo trimestre, e a projeção de crescimento do PIB da construção para este ano é de 3%, superando o PIB nacional.

Mas para avançar para 2025 de forma sustentável, a construção brasileira vai precisar superar alguns desafios. Processos burocráticos, como a obtenção de licenças, somados à volatilidade nos custos dos materiais, podem afetar a previsibilidade dos projetos e acabar elevando os custos.

Outro ponto importante é a crescente demanda por empreendimentos mais sustentáveis, que também impõe pressão sobre as empresas, que precisam equilibrar a sustentabilidade com inovação e a viabilidade financeira. Isso sem falar na intensa concorrência no setor, potencializada pelas novas regras de financiamento e pela reforma tributária, que impactam diretamente a atratividade e a competitividade no mercado.

No que diz respeito à evolução tecnológica na construção civil, a regulamentação do BIM (Building Information Modeling) já vem impulsionando digitalmente o setor, sobretudo com a nova Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 14.133/2021), que mudou a posição do BIM de uma recomendação para uma exigência em muitos projetos de construção pública. Com isso, a ferramenta se torna protagonista na execução de obras públicas, promovendo o trabalho colaborativo entre todos os envolvidos, desde a concepção até a conclusão da obra.

Diante desse cenário, algumas iniciativas têm a capacidade de transformar o setor de construção no próximo ano, impulsionando eficiência, sustentabilidade e competitividade. E se o assunto é modernização tecnológica, a Inteligência Artificial não pode ficar de fora da pauta em 2025. A IA tem potencial para desempenhar um papel transformador na construção, podendo automatizar tarefas repetitivas, otimizar a análise de dados e oferecer previsões precisas sobre a duração e os custos dos projetos. Além disso, tecnologias de reconhecimento óptico e processamento de linguagem natural ajudarão a agilizar processos de documentação e controle de qualidade, fundamentais para otimização de projetos.

Outra iniciativa que deve ganhar destaque é a industrialização da construção, que visa trazer para o canteiro de obra a mesma lógica da linha de montagem que vemos na indústria. Componentes pré-fabricados e tecnologias de impressão 3D possibilitam uma construção em escala mais rápida, com mais qualidade e menos desperdício. Inclusive, a Reforma Tributária, que trará incentivos fiscais para empresas inovadoras, pode ser um catalisador para a adoção dessas práticas.

E atrelada à tendência de industrialização, o mercado de construções modulares pré-fabricadas deve ser acelerado, respondendo à demanda crescente por projetos com prazos curtos e maior flexibilidade. A modularidade também permitirá atender rapidamente a projetos comerciais e industriais, sendo uma excelente opção para obras em áreas de difícil acesso e reduzindo o impacto ambiental, uma vez que a fabricação modular é mais eficiente em termos de recursos e energia.

Inclusive, a agenda ESG é um tema que não pode sair da pauta do segmento no próximo ano. A pressão por práticas ambientalmente responsáveis deve impulsionar a adoção de soluções sustentáveis, como o uso de materiais reciclados e energias renováveis. A construção verde — que leva em conta o ciclo de vida dos materiais e a eficiência energética — será não só uma exigência de mercado, mas também uma vantagem competitiva. Por isso, projetos com foco em eficiência energética e na redução da pegada de carbono ganharão cada vez mais relevância, especialmente com o acesso a capital “verde”: construtoras que comprovarem práticas ESG em suas obras, por meio de relatórios claros, poderão obter melhores condições financeiras, incluindo taxas de juros mais baixas e maior acesso a investimentos. Um benefício muito importante.

Em 2025, a construção civil brasileira estará diante de um cenário repleto de desafios e oportunidades, onde inovação e sustentabilidade serão os principais agentes de transformação. A adoção de tecnologias avançadas e a crescente industrialização prometem elevar a eficiência e produtividade, enquanto as práticas ESG se consolidam como um diferencial competitivo essencial. Importante destacar que, com o aumento da digitalização e automação da construção brasileira, o setor vai exigir uma força de trabalho mais capacitada e preparada para lidar com tecnologia.

Superando as barreiras identificadas, as empresas que investirem em processos eficientes e adotarem uma abordagem responsável e tecnológica estarão mais bem posicionadas tanto para se destacar em um mercado competitivo, como para impulsionar o desenvolvimento do setor como um todo.

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