Quando falamos sobre evolução no mercado imobiliário, é impossível ignorar um tema que ganha cada vez mais relevância: inclusão. Adaptar espaços e práticas para pessoas com deficiência ou necessidades específicas não é mais apenas uma exigência legal — é uma responsabilidade social e estratégica.
Com o envelhecimento da população, a maior visibilidade das pautas de acessibilidade e uma demanda crescente por moradias que respeitem a diversidade humana, o mercado global e brasileiro começa a se mover. Ainda há muito a fazer, mas os primeiros passos apontam para um futuro mais justo — e mais inteligente — para todos.
Alguns países já estão avançados na integração entre mercado imobiliário e inclusão:
Canadá: A cidade de Vancouver exige que novos empreendimentos residenciais prevejam unidades adaptáveis, com portas mais largas, banheiros com barras de apoio e ausência de degraus.
Estados Unidos: A Lei dos Americanos com Deficiências (ADA) obriga que todos os empreendimentos públicos e multifamiliares tenham áreas comuns 100% acessíveis. Muitos incorporadores, inclusive, passaram a oferecer apartamentos “universais” – adaptados desde o início.
Alemanha: Berlim implementa o conceito de “cohousing inclusivo”, unindo idosos, jovens com mobilidade reduzida e famílias em empreendimentos com infraestrutura compartilhada e acessível.
Esses modelos mostram que não se trata apenas de “inclusão física”, mas de projetar comunidades pensadas para a convivência diversa.
No Brasil, o cenário ainda é desigual. De acordo com o IBGE, cerca de 18,6 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência (auditiva, visual, motora ou intelectual), o que representa quase 9% da população. Além disso, temos mais de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos, número que tende a dobrar até 2040.
Apesar disso, poucas incorporadoras tratam a acessibilidade como diferencial de valor. Grande parte das adaptações ainda são feitas de forma pontual, após a entrega do imóvel, muitas vezes com altos custos para o morador.
A norma ABNT NBR 9050, que trata da acessibilidade em edificações, é obrigatória em áreas comuns de condomínios, mas ainda pouco aplicada de forma estratégica nos interiores das unidades.
Apenas 1 em cada 5 apartamentos novos no Brasil tem previsão de acessibilidade adaptável, segundo o SECOVI-SP.
Em 2023, apenas 3% dos lançamentos no segmento de médio e alto padrão mencionaram alguma adaptação para pessoas com mobilidade reduzida.
O crescimento do público idoso e o aumento de doenças crônicas tornam urgente a oferta de moradias com acessos simplificados e ambientes funcionais.
O mercado já começa a explorar algumas soluções e modelos de negócio com viés inclusivo:
Unidades adaptáveis: imóveis preparados para receber adaptações sem grandes obras (banheiros mais amplos, passagem livre para cadeiras de rodas, paredes reforçadas para instalação de barras).
Condomínios acessíveis: áreas comuns com rampas, elevadores de emergência com painel em braille, pisos táteis e espaços com sinalização inteligente.
Cohousing intergeracional: tendência internacional que une idosos e jovens em ambientes colaborativos, acessíveis e com áreas de convivência.
Proptechs voltadas para acessibilidade: startups que desenvolvem tecnologias de localização para deficientes visuais e softwares de realidade aumentada para simulação de adaptação de ambientes.
Incorporadoras que entendem a força da inclusão passam a atingir nichos de mercado pouco explorados, mas extremamente fiéis e influentes. Ao oferecer imóveis que realmente consideram as necessidades específicas de parte significativa da população, amplia-se o público-alvo e, ao mesmo tempo, fortalece-se a imagem da marca como inovadora e consciente.
Hoje, a acessibilidade é também critério de financiamento em programas como o Minha Casa Minha Vida, e há uma tendência de valorização de imóveis com certificações sociais e de bem-estar.
A inclusão no mercado imobiliário não é só um tema técnico — é uma nova forma de olhar para o morar. Um olhar mais humano, mais responsável e, principalmente, mais conectado com o futuro.
Se você trabalha com projetos, vendas, lançamentos ou investimentos, vale a reflexão: como o seu produto acolhe a diversidade? Incluir não é apenas adaptar; é pensar desde a concepção que todos devem ter direito ao conforto, segurança e à dignidade do lar.
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Nascida e criada na capital paulista, comecei na corretagem de imóveis após diversas experiências de atendimento na compra de imóveis e percebi um mercado de oportunidades, estimulando a superação de desafios que é meu maior combustível.
Certificada CIPS, uma das mais importantes certificações internacionais NAR – National Association of Realtors® EUA, foquei minha carreira em desenvolver e capacitar pessoas, utilizando os conceitos do mercado de luxo, empregados a todo e qualquer segmento do mercado imobiliário.