Ano chegando ao fim. É hora de pensar no ano novo, e preparar-se para o que vier, de acordo com as projeções, para enfrentar a nova realidade. O ano de 2020 foi bastante interessante, apesar da pandemia. A economia brasileira, em especial o mercado imobiliário, enfrentou severa recessão, entre 2014 e 2018. A retomada do crescimento veio em 2019, mas foi interrompida pela pandemia. A crise, no entanto, passou rápido. Menos de dois meses depois de iniciado o isolamento social, o mercado imobiliário reagiu e, praticamente, voltou ao nível do final de 2019.
Iniciamos 2020 com ótimas perspectivas. O mercado cresceu 0,3% em 2019, segundo o IBGE, sinalizando o fim da recessão. A venda de imóveis poderia crescer em torno de 20% no ano, tendo em conta a reativação da demanda reprimida durante os anos 2014/2018. No primeiro trimestre de 2020, mesmo com a pandemia decretada em 14 de março, a venda de apartamentos novos registrou elevação de 26,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. No segundo trimestre, apesar do vírus, o crescimento foi de 10,5%, comparado com o do ano anterior, segundo a ABRAINC – Associação Brasileira de Incorporadores Imobiliários.
Fatores econômicos inusitados promoveram forte reação positiva do mercado, verificada no mês de maio de 2020, mesmo com o recrudescimento da COVID-19. A taxa SELIC, definida pelo Banco Central, que serve de parâmetro para a economia, saiu de 6,5% em agosto de 2019 para estabilizar-se em 2% ao ano. A queda nos juros das aplicações financeiras foi imediata. Na outra ponta, os juros para obtenção de empréstimos baixaram sensivelmente. Economistas afirmam que a SELIC não passará de 2,75% em 2021, o que continuará favorecendo a compra de imóveis.
Com as inversões financeiras em baixa e sem perspectivas de crescimento, quem tem recursos aplicados nesse segmento sente-se atraído pelo mercado imobiliário. Afinal, este tipo de investimento, além de segurança institucional, oferece solidez patrimonial. A expectativa é de que o rendimento em aluguéis, que pode chegar a 6% ao ano, além da valorização imobiliária, compense as perdas com o mercado financeiro. Mesmo que a taxa SELIC surpreenda e cresça mais do que o previsto, a venda de imóveis deve continuar em alta. Vejamos por quê.
Em 2014, a taxa SELIC estava em 14,5% ao ano. Quem comprou naquela época um imóvel financiado em 18 anos, no valor de R$ 500 mil, assumiu uma prestação mensal em torno de R$ 6 mil. O mesmo imóvel, atualmente, teria uma parcela mensal de financiamento de cerca de R$3,5 mil. Por isso, hoje em dia, vale muito a pena comprar imóvel financiado no Brasil. Os juros médios do financiamento habitacional estão em seis por cento ao ano, e assim devem continuar. Sem dúvida, trata-se da linha de crédito mais barata atualmente no país.
A demanda reprimida durante a pandemia deve reativar-se em 2021, com o retorno da economia à normalidade. Há, inclusive, economistas que defendem a ideia de que viveremos um novo boom imobiliário, maior do que o registrado nos anos 2008/2013. A economia, em 2020, deve encolher menos do que a média mundial, em torno 5%. A previsão é de que o PIB cresça em torno de 3,5%, e a inflação permaneça na casa dos 3% em 2021. O dólar ficará em torno de R$ 5,10, incentivando o agronegócio, que exporta 75% de sua produção, e incrementando também o mercado imobiliário.