Explosão demográfica e mercado imobiliário

Segundo o relatório expedido pela ONU – Organização da Nações Unidas, em 15 de novembro de 2022 (data simbólica), a população da terra chegou a oito bilhões de pessoas. O mesmo documento aponta que o número de habitantes chegará a 10,43 bilhões, no ano de 2080. Nesse nível permaneceremos até o ano de 2100, quando então entraremos em um processo de diminuição populacional, resultante da redução da taxa de fecundidade. Isso já vem acontecendo na China, cuja população tem diminuído e, em breve, será superada pela da Índia.

A projeção indica que, em 2080, a Índia terá mais de 1,53 bilhão de pessoas, contra apenas 771 milhões na China. Nos últimos 13 anos, a população mundial ganhou mais de um bilhão de habitantes, grande parte nos países mais pobres, da África subsaariana. O atual Secretário Geral da ONU, António Guterres, manifestou preocupação quanto à insegurança alimentar e o desemprego, potencializados por guerras e desastres climáticos, não raro, incontroláveis. A pergunta que não cala é: quantas pessoas a terra pode suportar? Depende dos hábitos de consumo.

Para que todos estejamos bem alimentados e confortáveis, no atual consumo médio per capita, precisaríamos de toda a terra e mais 75% dela. Nesse mesmo nível, a terra não suporta mais do que 4,75 bilhões de pessoas. Ou seja, só estamos bem porque há gente passando fome, sem ter o que vestir e onde morar. Se cada habitante no mundo consumisse como no Catar, seriam necessários 9 planetas terra; se como nos EUA, 5,1 terras. Se considerarmos o que os brasileiros consomem, precisaríamos de 1,6 planeta terra. Isso é assustador!

Infelizmente, o consumo médio por cabeça só aumenta. Não há solução plausível no curto e médio prazo. Daí o surgimento de teorias da conspiração, como a de que o vírus da Covid-19 teria sido criado em laboratório, para diminuir a população mundial. Enfim, a população continuará crescendo, ainda que mais lentamente, até 2080. Que efeitos isso provocará no mercado imobiliário mundial e no Brasil? Para começar, necessidade de mais moradias. Maior demanda, maiores preços, dificultando o acesso a parte considerável da população.

A tipologia construtiva poderá ser fortemente transformada. O uso de automóveis será reduzido com a criação de bairros planejados, onde lojas, mercados, escolas, hospitais, parques e farmácias sejam alcançáveis a pé. Os atuais conjuntos habitacionais terão de se reinventar. Como consequência, poderá haver a formação de guetos condominiais, isolando ainda mais as populações de baixa renda. Grande desafio será a infraestrutura para a nova configuração. Os imóveis terão de ser inteligentes, com tecnologia integrada e energia sustentável.

Em regiões de alta densidade demográfica, como Ásia e África, os desafios poderão ser bem maiores. Ao contrário, Japão e países europeus, com população declinante, sofrerão com o excedente de moradias e o consequente desafio de manutenção da infraestrutura. O Brasil terá, em 2080, cerca de 270 milhões de pessoas. Pouco, diante de seu vasto território. Não por acaso, regiões privilegiadas com praias e outros qualificadores de vida, desde já, vêm sendo objetos de desejo não apenas de brasileiros abastados, mas de estrangeiros de todo o mundo.

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