Poder-se-ia falar em parcerias empresarias no geral, mas, o espaço é imobiliário e por predileção, mantém o foco.
Desde o início de uma carreira profissional, até a vivência do dia-a-dia, percebemos a importância de mantermos parcerias sólidas e recíprocas (se não for recíproca, já descaracteriza a parceria), mas, devemos nos ater a um cabedal de situações que nós, seres humanos, temos a mania, inocência ou mesmo abuso em desenvolver.
A primeira coisa importante que devemos primar é pelo respeito ao trabalho um do outro. A importância do tempo, da competência, disciplina e formação. É saber entender que cada profissional tem sua tabela básica de honorários, sua expertise no trabalho que faz, e, tem o direito de valorizar o seu trabalho.
A segunda coisa, é que, você não é obrigado a fechar negócios sempre e toda vez com alguém que considera parceiro, mas, deve refletir mil vezes antes de tentar forçar o seu parceiro a reduzir o preço sob ameaça de fechar com outrem, por, aí, você perde algo chamado confiança e respeito.
A terceira coisa quando se pensa em parceria, é que as coisas fluem em via de mão dupla naturalmente. Hoje eu te ajudo aqui, amanhã você me ajuda ali, mas, não necessariamente SEMPRE. Travar parceria fixa é possível? Claro! Quando a sinergia é boa e existe respeito, PERFEITO. Mas, não é porque no trabalho tal que você acabou fechando com terceiro por motivação específica que se parceiro passa a virar seu inimigo.
Mas, também não pense que, você procurar 2, 5, 10 vezes o seu parceiro para pedir um auxilio/parceria e não apresentar NADA em troca, que vocês são parceiros. Na verdade, você é um abusado.
Porque a escolha do tema? Porque no universo imobiliário trabalhamos multidisciplinarmente, ou seja, o incorporador depende do construtor, do engenheiro civil, do corretor, que também trabalha com o advogado, topógrafo, agrimensor e o avaliador, em conjunto do despachante imobiliário e do cartorário entre diversos outros profissionais que se destacam nesse ciclo de compra, venda, permuta de imóveis, incorporação, regularização do imóvel, apresentação, venda com segurança e registro. Um depende do ato do outro até chegar ao fim onde todos trabalham um pouco conforme sua expertise, RECEBEM seus honorários e alcançam o objetivo final de toda cadeia da operação imobiliária.
E toda vez, ou em sua grande maioria, você irá depender da indicação de alguém, do auxílio de alguém e do trabalho de alguém que confia.
E aí entra a parceria da forma mais pura, justa e correta, lembrar do outro, dada a competência, afinidade e outras transações, sem, contudo, querer obter de graça uma orientação financeira, parecer jurídico, topografia, contrato e contatos. É respeitar o ofício um do outro.
Até mesmo no universo de cursos, palestras, eventos. Como você quer ser chamado sempre para participar de algo, se quando você é chamado não se recorda de valorizar aquele coleguinha que te deu a mão lá atrás?
As pessoas precisam ser mais recíprocas em suas parcerias e não utilizar escadinhas ou abusarem da boa vontade das pessoas.
Sempre que lhe vier na mente PARCERIA, não precisa vir, DINHEIRO, mas, foque em VALORIZAÇÃO (sua e do parceiro), RECIPROCIDADE e RESPEITO.
Creio que esse seja o caminho certo para se fidelizar grandes parcerias profissionais sem que sentimentos de ingratidão, abuso, folga, surjam em meio a um laço tão bonito firmado anteriormente entre você e a outra pessoa.
Por fim, devemos cuidar para não confundir serviço contratado por você com parcerias.
Relacionamentos comerciais firmados por contrato podem ser parceiros? SIM. Em outras situações que não vinculam o contrato um com o outro.
No contrato ambas as partes possuem obrigação de entregar algo ou prestar um serviço com a escorreita remuneração. Ponto! Parceria são transações e situações externas que por afinidade as partes podem trabalhar em conjunto para outro fim diverso do contrato e SEM condicionar ao contrato. Misturar ambos, é caminho certo para a falência da relação em algum momento.
Escolha bem seus parceiros profissionais, veja quem te valoriza, que te encanta, que te respeita, que lhe é recíproco e principalmente, que não lhe coloque em saias justas ou que condicione sua parceria a redução de seu valor.
OAB/SC 35.851
Advogada proprietária do escritório Pavão E Associados – Advocacia e Consultoria Imobiliária.
Especialista em Direito Empresarial, Tributário e Imobiliário.
Diretora Regional NSC do Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário
Autora de cursos na área imobiliária
Palestrante da área imobiliária
Técnica em Transações imobiliárias