O mercado imobiliário brasileiro vem passando por uma mudança silenciosa mas estrutural. Nos últimos três anos, cresce consistentemente a procura por imóveis compactos, studios e plantas até 45 m², especialmente em cidades de médio porte. É uma tendência que não começou agora, mas que finalmente chegou com força para imobiliárias de todas as regiões, inclusive as que antes dependiam quase exclusivamente de imóveis maiores.
O ponto é: o mix de produtos da imobiliária hoje precisa conversar com o novo comportamento do comprador, e não com o portfólio tradicional que dominou as últimas décadas.
Dados recentes da Abrainc e de relatórios de grandes incorporadoras indicam que, mesmo com crédito mais restrito, apartamentos compactos seguem com alta velocidade de vendas e forte valorização por m². E isso tem uma razão simples: o consumidor mudou. Mais solteiros, casais sem filhos, pessoas que buscam mobilidade e investidores que querem liquidez.
Neste cenário, gestores imobiliários que ajustam rápido seu mix não só vendem mais, como reduzem vazios, aceleram giro e criam previsibilidade de receita.
A valorização dos compactos não é “moda” ou resultado de estratégia de marketing das incorporadoras. Ela nasce de três fatores concretos:
1) A demografia mudou
Hoje, mais de 50% dos domicílios brasileiros são formados por apenas 1 ou 2 pessoas.
Menos gente = menos espaço.
2) Urbanização e mobilidade
Cresce a busca por imóveis próximos a serviços, faculdades, comércio e área central. Compactos permitem preço de entrada menor em regiões mais valorizadas.
3) Investidores querem liquidez
Um studio bem localizado vende e aluga mais rápido. Simples assim.
Para a imobiliária, isso impacta diretamente:
Quem continua apostando apenas em imóveis grandes sofre com giro lento e baixa previsibilidade.
É comum encontrar imobiliárias com portfólio baseado em:
Esse mix é reflexo da cultura da captação passiva: “O que aparece, eu coloco no site”. O problema é que o mercado agora exige curadoria.
Não dá mais para “ter de tudo”.
O cliente final é específico e sabe exatamente o que procura.
E, nos últimos anos, a procura deixou de ser majoritariamente por 2/3 quartos amplos e passou a se dividir entre:
Ficar fora desses três polos é perder relevância.
Etapa 1: Diagnosticar o estoque atual
Responda:
A maior parte das imobiliárias descobre, nessa etapa, que está sobrecapitalizada em imóveis grandes e encalhada em regiões ruins.
Etapa 2: Identificar a demanda real da sua cidade
Analise:
Em cidades do interior, a demanda por compactos está crescendo rápido, especialmente perto de faculdades, centros comerciais e zonas de expansão urbana.
Etapa 3: Reforçar captação ativa com foco estratégico
O gestor deve orientar a equipe a captar:
Não é sobre captar mais é sobre captar melhor.
Etapa 4: Descartar ou revisar imóveis que não performam
Imóveis que:
devem ser:
Mix enxuto = giro rápido.
Mix descontrolado = equipe perdida + site cheio + funil fraco.
Investidores hoje representam uma parcela essencial do mercado de compactos. E eles querem:
Quando a imobiliária domina o mix de compactos, ela atrai esse público que compra de forma recorrente.
Atrair investidor muda o jogo financeiro da imobiliária.
O cliente de studio não compra só metragem. Ele compra:
Por isso, vender compactos exige uma narrativa adaptada:
Imobiliárias que entendem essa mudança vendem mais rápido e com menos objeção.
Imobiliária com estoque ultrapassado = posicionamento ultrapassado.
Imobiliária com mix alinhado ao comportamento do comprador atual = marca forte e previsível.
A valorização dos compactos não é uma tendência passageira.
É uma mudança estrutural do mercado brasileiro influenciada por demografia, mobilidade e investimento.
Quem ajustar o mix agora estará entre as imobiliárias que, nos próximos anos, vão ganhar mercado.
Quem insistir no portfólio “como era antes” ficará refém de giro baixo e proprietários frustrados.
O jogo mudou.
E, para continuar relevante, o mix precisa mudar também.

Administrador de Empresas com MBA em Gestão de Negócios e Pessoas. Cientista do Marketing certificado pela V4 Company.
Profissional com 20 anos de experiência nas áreas de marketing e vendas, com atuação nos segmentos de bebidas, automotivo, marketing digital e mercado imobiliário. Ao longo da carreira, desenvolveu e implementou estratégias comerciais, posicionamento de marca e projetos de crescimento voltados para performance e gestão de equipes multidisciplinares.