Apesar de a moradia ser um direito assegurado pela Constituição de 1988, assim como a educação e a saúde, o déficit habitacional é um dos principais problemas enfrentados pelo Brasil. A última pesquisa da Fundação João Pinheiro apontava que o país tinha um déficit de 5,876 milhões de moradias em 2019, entre pessoas que não têm onde morar, as que vivem em casas em condições precárias e os domiciliados em coabitação e com custo de aluguel elevado, equivalente a mais de 30% da renda familiar.
Se o número já era grande – 8% do total de moradias no Brasil -, o período da pandemia fez a situação piorar. Houve um aumento de 393% na quantidade de famílias despejadas entre agosto de 2020 e maio de 2022, segundo um levantamento da Campanha Despejo Zero, fazendo com que quase 1 milhão de pessoas se juntassem à estatística.
A tendência a partir de 2023, já indicada pela equipe de transição do novo governo, é que haja uma retomada das políticas habitacionais com a recriação do Ministério das Cidades e a reconstrução do Minha Casa Minha Vida para famílias de baixa renda, viabilizando financiamentos habitacionais focados nesse público.
Discute-se também a criação de um fundo garantidor de crédito para a parcela da população formada por trabalhadores informais, que em geral tem dificuldade de adquirir a casa própria por não dispor de comprovação de renda. Quem ganha com isso não é apenas a população mais vulnerável, mas o setor de construção, que deve gerar mais empregos e renda.
De acordo com o engenheiro civil Leo Ribeiro, especialista em mercado imobiliário e fundador da Domus, quem se posicionar agora no mercado de construção para venda vai ter, entre o final de 2023 e o início de 2024, um produto pronto para ser vendido em um mercado com muita demanda.
“A demanda é mais fomentada quando há maiores incentivos por parte do governo para a aquisição de imóveis. E é o que provavelmente vai acontecer com um governo de esquerda. Eles fomentam muito a aquisição de imóveis populares e o financiamento por parte das incorporadoras. Há um estímulo grande para a construção desse tipo de produto”, ele observa.
O especialista explica uma boa perspectiva para um cenário futuro próximo: “A demanda por casas populares já existe e é muito grande, mas vai haver um incentivo para produzir mais – tanto que as grandes incorporadoras já viram suas ações valorizarem na bolsa em virtude disso”, afirma Leo Ribeiro.
Um dos mercados que deve se aquecer é o da Grande São Paulo, onde será necessário construir em média 73 mil moradias por ano até 2030 para suprir a demanda futura e o déficit atual, que é de 369 mil domicílios, de acordo com um estudo da consultoria econômica Econnit encomendado pela Abrainc (Associação Brasileira de Incorporação Imobiliária).
Além das grandes construtoras, o cenário abre oportunidades para pequenos empreendedores e pessoas físicas que investem no nicho construindo casas para vender. “É de senso comum que para investir ou empreender no mercado imobiliário é necessário ter acumulado uma quantia expressiva de capital para começar, mas é pouco difundido que é possível fazer o financiamento de até 80% do custo entre o terreno e a construção”, afirma Ribeiro. “A disponibilização de valor em caixa do investidor é muito baixa comparada ao lucro que ele terá no final do ciclo de investimento”, finaliza.
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