Em maio de 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic para 14,75% ao ano, o maior patamar desde 2006. Essa decisão visa conter a inflação persistente, mas impacta diretamente o mercado imobiliário, especialmente para quem considera financiar um imóvel.
A Selic influencia as taxas de juros praticadas pelos bancos, tornando o crédito mais caro. Com isso, os financiamentos imobiliários sofrem reajustes, reduzindo o poder de compra dos consumidores e desestimulando novos contratos. Além disso, a alta dos juros atrai investidores para aplicações de renda fixa, diminuindo os recursos disponíveis na poupança, principal fonte de funding para o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE). Essa migração de capital pode limitar a oferta de crédito e pressionar ainda mais as taxas para cima.
Contratos com taxa de juros fixa não sofrem alterações com a alta da Selic. No entanto, financiamentos atrelados a índices como a Taxa Referencial (TR) podem ter suas parcelas reajustadas. A TR, que estava zerada quando a Selic estava abaixo de 8,5%, voltou a ser calculada com a elevação da taxa básica, impactando o custo total do financiamento.
O programa Minha Casa, Minha Vida utiliza recursos do FGTS e conta com subsídios públicos, o que o torna menos sensível às variações da Selic. Mesmo assim, os efeitos indiretos da alta dos juros, como a pressão sobre o orçamento familiar, não podem ser ignorados.
A decisão de financiar um imóvel em um cenário de juros elevados depende do perfil financeiro de cada pessoa. Para quem possui estabilidade financeira e pretende adquirir o primeiro imóvel, o financiamento ainda pode ser uma alternativa viável. No entanto, é essencial avaliar cuidadosamente a capacidade de pagamento, considerar a possibilidade de dar uma entrada maior para reduzir o valor financiado e pesquisar as melhores condições oferecidas pelos bancos.
Avalie sua capacidade de pagamento mensal, considerando não apenas as parcelas do financiamento, mas também outras despesas como IPTU, manutenção do imóvel e contas de consumo.
Compare as taxas de juros oferecidas por diferentes instituições financeiras. Pequenas diferenças nas taxas podem representar uma economia significativa no valor total pago.
Considere modalidades de financiamento com taxas fixas para garantir previsibilidade nas parcelas.
Se possível, aumente o valor da entrada para reduzir o montante financiado e, consequentemente, o custo total do financiamento.
Fique atento à possibilidade de portabilidade do financiamento para instituições que ofereçam condições mais vantajosas.
Em resumo, apesar dos desafios impostos pela alta da Selic, o financiamento imobiliário ainda pode ser uma opção válida para quem deseja adquirir um imóvel. A chave está em uma análise cuidadosa das condições do mercado, das próprias finanças e das opções disponíveis.
Empresario e Corretor de imóveis a 25 anos, correspondente bancário a 19 anos
Especialista em Bancos Privados
Profissional certificado
Especialista em análise de crédito