Natal muda ritmo do mercado imobiliário e altera decisões de compra e investimento, analisa especialista

O aumento do consumo no fim de ano, impulsionado pelo 13º salário, altera não apenas o varejo, mas também o ritmo do mercado imobiliário brasileiro. Isso porque em dezembro o consumidor direciona mais renda para presentes, viagens e despesas pessoais, reduzindo temporariamente a disponibilidade para poupança e decisões patrimoniais, o que afeta diretamente a compra de imóveis e o timing de investimentos no setor.

Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio, as vendas de Natal cresceram 5,6% em 2023 e movimentaram cerca de R$ 69 bilhões. As vendas no varejo para o Natal deste ano devem alcançar R$ 72,71 bilhões, alta de 2,1% em relação à mesma data de 2024, já descontada a inflação do período.

Para as incorporadoras, o período se transforma em uma janela tática de vendas. Campanhas de fim de ano, descontos exclusivos, facilidades de entrada e isenção de taxas estão entre estratégias comuns para liquidar estoque e fechar o ano com maior giro de caixa. Como consequência, os novos lançamentos tendem a ser adiados para o primeiro trimestre, quando a liquidez do consumidor se normaliza e seu planejamento financeiro volta ao eixo.

Heitor Chehad, diretor de Gestão Imobiliária da Trinus — plataforma que une soluções em tecnologia, capital e governança para todas as fases do ciclo imobiliário, analisa que o fim de ano precisa ser entendido como um ponto de inflexão dentro do setor. “O Natal cria uma dinâmica que também é única para mercado imobiliário. De um lado, temos um consumidor com mais renda, mas também com mais despesas. Do outro, incorporadoras ajustando preços e condições para fechar objetivos de caixa. Isso altera o ritmo de vendas, o comportamento de negociação e a própria lógica de planejamento do investidor.”

Já do lado dos investidores imobiliários, o final do ano pode funcionar como um momento de revisão. O acúmulo de gastos sazonais faz muitos compradores adiarem decisões estruturais; ao mesmo tempo, condições comerciais mais agressivas podem atrair quem busca oportunidades para ampliar patrimônio antes do início do novo ciclo econômico.

O especialista reforça que essa sazonalidade deve ser considerada na análise estratégica de quem desenvolve e de quem compra. “Para o desenvolvedor, é um período de atuação tática, voltado à redução de estoque. Já para o investidor imobiliário, é um momento de avaliar oportunidades e de discernir entre comprar com condições promocionais ou esperar um cenário de maior previsibilidade no começo do ano.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress