Neste ano de 2022, o Sistema Cofeci-Creci completa sessenta anos. Muitas foram e continuam sendo nossas batalhas. A maior delas, no entanto, tem sido obter da sociedade e dos poderes constituídos de nossa República o reconhecimento que os Corretores de Imóveis merecem e precisam. Para isso, inúmeros esforços vêm sendo despendidos para promover a educação, tanto do ponto de vista técnico como geral. Respeito profissional pressupõe educação, ética e cidadania. Estes três conceitos estão umbilicalmente ligados.
Recentemente, circulou pela internet um vídeo com o humorista Nelson Freitas, do programa Zorra Total (Rede Globo de TV). Nele, o ator relata um fato acontecido em Estocolmo, capital da Suécia, que retrata bem a educação que almejamos. Diz ele que um cidadão da América Latina, viajando por aquele país, ao embarcar no metrô, surpreendeu-se com a ordem, a limpeza e com o respeito e deferência dos suecos em relação aos avisos e placas de sinalização. Tudo parecia funcionar perfeitamente; ninguém ousava contrariar qualquer regra.
Todavia um fato lhe causou estranheza. Ao lado de uma enorme fila de pessoas para comprar seus bilhetes, havia um dispositivo de acesso giratório com a inscrição “passagem livre e gratuita”. Ele jamais vira coisa semelhante em seu país de origem. Sem compreender, dirigiu-se à encarregada da estação e lhe perguntou por que aquela passagem era livre. A mulher respondeu que, eventualmente, algumas pessoas podiam, por exemplo, não dispor de dinheiro para pagar o bilhete, devido a uma emergência, um esquecimento da carteira.
Ainda sem entender, perguntou: o que acontece se alguém, mesmo tendo dinheiro, não quiser pagar? Ela respondeu: mas por que alguém faria isso, qual seria o motivo? O viajante, sem ter o que dizer, ficou em silêncio. Atrás dele, havia uma fila enorme de passageiros para pagar seus bilhetes, e o acesso livre continuava vazio. Isso é cidadania! Já no trem, o viajante passou a refletir sobre as sociedades latino-americanas. Por que isso não acontece por aqui? O desenvolvimento de uma nação passa pela evolução dos valores morais de seus cidadãos!
Os valores morais, por sua vez, determinam o comportamento ético não apenas dos cidadãos, mas também dos profissionais. Ainda que naturais, os valores morais se aperfeiçoam com a educação. Aqui está o problema do Brasil e, talvez, da América Latina. O grau universitário não é exigido para corretores de imóveis. Porém o ensino de segundo grau se deteriora ano após ano e já não prepara pessoas para a vida, como no passado. Já não produz cidadania. Sem cidadania, não há ética; sem ética, não há profissionalismo; sem profissionalismo, não há respeito!
A profissão de corretor de imóveis foi regulada no Brasil, pela Lei nº 4.116, de 27 de agosto de 1962, que foi derrogada e substituída pela Lei nº 6.530, de 12 de maio de 1978. Trata-se de grande privilégio, que estabelece reserva legal de mercado para os profissionais brasileiros. Mas o exercício dessa prerrogativa exige cidadania, que a escola de segundo grau já não proporciona. Assim, o grau universitário tornou-se indispensável como pré-requisito para o exercício profissional. Essa será a prioridade do Sistema Cofeci-Creci nos seus sessenta anos!