Patrimônio em movimento: como se preparar para o último trimestre

Por Flavia Pinheiros

 

O mercado imobiliário acaba de atravessar semanas que trouxeram sinais claros de mudança. Para quem compra, vende, investe ou administra imóveis, não foi apenas mais um conjunto de relatórios — foram alertas de transformação estrutural que vão se arrastar até o fim do ano e além.

Se você ainda estava esperando “o momento certo” para decidir, vale encarar o que já ficou evidente. O último trimestre de 2025 não será como os anteriores.

 

Sinal 1: FGTS sob pressão

O alerta mais sério veio do presidente da Caixa Econômica Federal: sem revisão na forma de captar e usar recursos, o FGTS não se sustenta. Não é manchete sensacionalista. É a voz do gestor do principal motor do crédito habitacional no país.

O impacto imediato:

  • Para quem compra: a janela de financiamento subsidiado pode se estreitar.
  • Para construtoras: projetos populares podem ficar sem funding.
  • Para o mercado: o motor começa a engasgar.

E aqui cabe um olhar além da planilha: se o FGTS perde força, não é só o crédito que fica em risco — é a chance de milhares de famílias escreverem o capítulo da casa própria em sua história.

 

Sinal 2: preços acima da inflação

Segundo dados da CBIC e do índice Fipe/ZAP+, o valor médio do metro quadrado em capitais alcançou R$ 9.477 em setembro, acima da inflação.

À primeira vista, parece bom: patrimônio se valorizando. Mas há duas leituras possíveis:

  • Otimista: demanda consistente, imóveis protegendo contra inflação.
  • Realista: queda de 4,1% na oferta empurra preços para cima sem base sólida.

Implicações práticas:

  • Vendedores: bom momento, desde que com preços realistas.
  • Compradores: cuidado com o FOMO — medo de ficar de fora pode custar caro.
  • Investidores: cidades médias tendem a oferecer melhor relação risco/retorno.

E por trás desses números, fica a pergunta essencial: o imóvel comprado hoje será apenas uma aposta de curto prazo ou parte de um legado? Mais que ganho financeiro, é sobre estabilidade, memórias e a forma como cada patrimônio vai sustentar histórias familiares nos próximos anos.

 

Sinal 3: IGP-M volta a subir

Setembro fechou com alta de 0,42% no IGP-M, segundo a FGV.

  • Positivo para proprietários: rendimento real preservado.
  • Desafio para inquilinos: risco de inadimplência ou renegociação.
  • Alerta geral: com o CIB chegando em 2026, contratos e rendimentos estarão sob lupa. Setembro foi um dos últimos capítulos da informalidade.

Mais do que índice econômico, essa mudança revela uma transição cultural: contratos de aluguel deixarão de ser apenas papéis de gaveta e passarão a ser espelhos de confiança. Em tempos de maior rastreabilidade, cada ajuste ou renegociação vai pesar não só no caixa, mas também na reputação de quem aluga e de quem administra.

 

O trimestre que vem pela frente

Outubro a dezembro costumam ser meses de negócios aquecidos — 13º salário, pressa de fechar antes do ano virar. Mas 2025 tem variáveis diferentes:

Podem acelerar: urgência no uso do FGTS, proximidade do CIB, oferta restrita e sazonalidade.

Podem frear: crédito em xeque, preços altos, juros ainda desafiadores e receio de comprar no topo do ciclo.

 

O que aprendemos

Não estamos em crise, tampouco em boom. O mercado está mudando de base. O FGTS não é mais garantia infinita. A informalidade está com os dias contados. A previsibilidade, também. Quem enxergar o imóvel apenas como número corre o risco de perder. Quem enxergar como parte de um patrimônio em movimento — que também preserva vínculos e identidade — atravessa 2026 mais forte.

 

Três perguntas para você pensar agora

1) Seu patrimônio está pronto para a transparência fiscal que vem aí?

2) Suas decisões se apoiam em fundamentos ou em euforia/medo?

3) Você sabe de fato como seus imóveis se conectam à história da sua família ou está agindo só por impulso?

O relógio já está correndo

Os sinais foram dados. Outubro a dezembro são meses de decisão. Use esse tempo para organizar, refletir e agir com consciência. Porque 2026 não vai espera e quem se prepara agora, agradece depois.

 

CONHEÇA MAIS SOBRE A AUTORA DESTE POST:

Quem vê resultados, nem sempre conhece a história. ✨

Sou Flávia Pinheiros Costa, formada em Direito há 23 anos. Pós-graduada em Direito Imobiliário, Sistêmico, Contratual, Canônico e de Família. Atualmente, curso Inteligência Artificial para Advogados e sou mestranda em Mediação de Conflitos.

Mas o que realmente me move são pessoas.
Escutar histórias.
Ajudar a construir acordos.
Trazer clareza onde antes havia conflito.
E fazer do Direito uma ponte — não um muro.

Minha trajetória é marcada pela escuta ativa, pela conexão humana e pela busca constante por soluções que respeitem a lei e as relações.

Atuo como:

  • Mediadora certificada pelo ICFML.
  • Perita e avaliadora de imóveis.
  • Mentora no mercado imobiliário, conduzindo famílias e profissionais.
  • Palestrante em eventos nacionais e internacionais.
  • Escritora e produtora de conteúdo jurídico.
  • Sócia de duas administradoras de imóveis.
  • Membro ativo das comissões da OAB nas áreas de Direito Sistêmico, Imobiliário e Justiça Restaurativa.

E, acima de tudo, sou alguém que acredita que ética, escuta e evolução diária são inegociáveis.

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Referências e fontes consultadas

  • Valor Econômico – Caixa alerta sobre risco de crise do FGTS, 27/09/2025.
  • CBIC – Indicadores do Mercado Imobiliário, 3º trimestre de 2025.
  • FGV/IBRE – IGP-M – Índice Geral de Preços do Mercado, setembro de 2025.
  • Fipe/ZAP+ – Índice de Preços de Imóveis Anunciados, setembro de 2025.

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